Os utentes dos comboios em Portugal podem ficar descansados em relação ao material circulante. A afirmação foi feita esta terça-feira por Eduardo Feio, presidente do IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes, no Parlamento, a pedido do PSD.
“Na perspetiva de segurança, não há uma situação de colapso” no material ferroviário; “os incidentes têm diminuído desde 2016: registaram-se melhorias nas deformações de via e não há ruturas de eixos”. Esta foi a resposta de Eduardo Feio dada na audição na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas ao deputado do PS André Pinotes, que questionou a segurança nas linhas de comboio portuguesas.
Para Eduardo Feio, “a situação degradou-se antes de 2016, quando houve uma diminuição do investimento e aumento dos problemas de segurança”, afirmou o dirigente, com base no relatório de segurança ferroviária do IMT de 2017.
Estas afirmações foram feitas mesmo tendo em conta a idade do material circulante em algumas linhas nacionais – na linha de Cascais, por exemplo, circulam automotoras elétricas com cerca de 60 anos. “A idade do material é o que é. Temos de garantir que o material que circula está nas devidas condições. Até é bom sinal que o material não circule, porque não está em boas condições de segurança”, referiu Eduardo Feio em resposta ao deputado PSD António Costa Silva.
Mais tarde, Heitor de Sousa, do Bloco de Esquerda, lembrou que “houve 139 supressões de comboios entre 16 e 30 de maio, nas linhas de Sintra, Douro, Oeste, Cascais e até na ligação entre Setúbal e Roma-Areeiro”. O deputado do BE lembrou ainda que vai haver novas reduções de horário na linha de Sintra a partir de 23 de junho – conforme deu conta o Dinheiro Vivo dia 4 de junho. “Refazer horários é truque para não incumprir horários”, acusou o bloquista.
Do lado do CDS, Hélder Amaral criticou o Governo e argumentou: “nunca houve supressões como há hoje, e já não temos cá a troika. Uma coisa é haver crise e termos de cortar as indemnizações compensatórias. Mesmo no tempo da troika, não se assistia às supressões como há hoje”.
Bruno Dias, do PCP, questionou o líder do IMT sobre o prolongamento do ciclo de manutenção das UTE 2240, as automotoras elétricas do serviço regional, de 1,7 para 1,8 milhões de quilómetros. Eduardo Feio recordou que o instituto “pediu uma avaliação de risco” e que “validou o relatório de risco” elaborado pela CP.
Boa parte da audição do líder do IMT serviu também para separar as competências entre este instituto e a AMT – Autoridade das Mobilidade e dos Transportes. O IMT serve, sobretudo, para validar as condições do material circulante e o licenciamento das transportadoras; a AMT avalia o cumprimento das condições de serviço conforme os contratos de concessão existentes – no caso da CP, o contrato de operador de serviço público ainda está a ser avaliado pelo Ministério das Finanças, que divide a tutela da CP com o Ministério das Infraestruturas.
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