//Indaqua quer ajudar municípios a reduzir o desperdício de água

Indaqua quer ajudar municípios a reduzir o desperdício de água

A Indaqua, operadora especializada em concessões municipais de água, está apostada em ajudar a reduzir o desperdício de água no país. A empresa, que tem sede em Matosinhos mas foi adquirida, em 2016, pelos israelitas da Miya – especialistas na área da eficiência hídrica -, está a implementar esse know how em Portugal. Garante já a redução de perda em 10 mil quilómetros de redes existentes em 20 concelhos, mas o objetivo, em cinco anos, é duplicar este número e chegar a 40 municípios, garantindo uma poupança de 20 mil milhões de litros de água, que se traduzem em 10 milhões de euros, ao ano. Uma temática “urgente”, diz Pedro Perdigão, CEO da Indaqua, não apenas por questões económicas, mas, sobretudo atendendo às alterações climáticas.

Os projetos de eficiência hídrica com remuneração baseada em performance são o modelo encontrado para assegurar esta transição, com poupança garantida. Ou seja, grande parte da remuneração da Indaqua nestes contratos de prestação de serviços vem da poupança efetiva que conseguir implementar no respetivo município, ao longo dos cinco anos que duram estes projetos. “Neste modelo, nós assumimos o risco do investimento e somos remunerados por uma parte da poupança efetiva obtida. Findos os cinco anos, o contrato termina e a entidade gestora fica com a totalidade da poupança para si e com os instrumentos e o know how que lhe permitirá continuar a manter os níveis de eficiência”, diz Pedro Perdigão, que acrescenta: “O investimento está feito, as competências estão dadas, existem todas as condições para a eficiência se manter sem a nossa interferência”.

São sete as concessões municipais da Indaqua – Santo Tirso, Fafe, Trofa, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Vila do Conde e Santa Maria da Feira -, a que se junta a participação que tem na Empresa Municipal de Água de São João da Madeira. Mas tem já, adicionalmente, contratos de eficiência hídrica assinados que cobrem 12 municípios: Maia, Vila Nova de Gaia e Águas da Região de Aveiro, entidade do grupo Águas de Portugal, que assegura o abastecimento de água a Ílhavo, Albergaria-a-Velha, Murtosa, Águeda. Oliveira do Bairro, Aveiro, Ovar, Estarreja, Sever do Vouga e Vagos. Tem já assinado mais um contrato, a Norte, de 1,7 milhões de euros, a cinco anos, que vai permitir ao município reduzir as suas perdas de água, que atualmente estão nos 58%, para um valor próximo dos 20%. Um contrato que aguarda visto do Tribunal de Contas e, por isso, a empresa não dá mais pormenores.

No conjunto das suas concessões, a Indaqua tem um índice médio de perdas hídricas de 13,9%, que compara com os 30% da média nacional. “Isto significa que 30% da água que retiramos das barragens, qualquer coisa como 188 mil milhões de litros, não chega às torneiras dos utilizadores, o que é um desperdiço incomportável. Se Portugal tivesse o nível de desempenho da Indaqua seriam poupados 70 milhões de euros ao ano”, garante Pedro Perdigão. A que se devem as perdas? Os roubos e a ineficiência na medição de contadores antigos são algumas das explicações para estas perdas, mas a grande maioria resultam de fugas na rede não detetadas e, por isso, não reparadas.
“Normalmente, o que se pede é investimento na renovação das redes, que é a solução mais radical.

É como ter um carro que gasta muito e, em vez de lhe dar a devida manutenção para lhe reduzir o consumo, compra-se um novo. Em Portugal, a maioria das redes foram construídas nas décadas de 80 e de 90 e estão longe de atingir a sua vida útil (50 anos). É preciso é investir em tecnologia, na colocação de sensores nas redes e nas ferramentas de software e inteligência artificial que nos alertam para o surgimento das fugas”, explica o responsável.

O primeiro contrato da Indaqua nesta área foi assinado em 2019, pelo que não há, ainda, dados finais dos projetos. Mas os que existem são muito animadores: todos atingiram, ao fim do primeiro ano, os objetivos para o segundo, o que leva a Indaqua a estimar o retorno do investimento no prazo de três a cinco anos.