Partilhareste artigo
A crise energética e as dificuldades logísticas estão a levar as empresas portuguesas, mesmo as indústrias mais tradicionais, a procurar soluções de Inteligência Artificial para reduzir custos. Uma oportunidade para a Inductiva Research Labs, admite o responsável da empresa, Luís Sarmento, que fala numa “nova abertura do mercado”.
Relacionados
Fundada em janeiro de 2021, a Inductiva Research Labs é uma startup com sede no Porto e que desenvolve sistemas de simulação e otimização com recurso a ferramentas de Inteligência Artificial. Tem sido muito solicitada pela área farmacêutica, em especial por empresas americanas, mas também por indústrias mais tradicionais, como as do vinho, tendo anunciado uma parceria tecnológica com a WiseShape, para o desenvolvimento da “próxima geração de cubas feitas em cimento, otimizando as propriedades de fermentação e envelhecimento do vinho e, por consequência, as suas características aromáticas e gustativas”.
A Inteligência Artificial permite simular virtualmente o objeto – neste caso, as cubas -, as suas características e as melhorias necessárias à otimização dos processos. E a Inductiva Research Labs tem-se dedicado precisamente às áreas mais relacionadas com a dinâmica de fluidos, seja pela simulação de como reage o vinho numa determinada cuba ou o paredão de uma praia pela ação contínua das ondas, e a dinâmica molecular, simulando como é que uma substância se relaciona com outras, designadamente os átomos das moléculas no desenvolvimento de um medicamento.
Perspetivas otimistas
“Parecem dois universos muito diferentes, mas, do ponto de vista da computação e da simulação, são muito próximos”, diz Luís Sarmento, cofundador da empresa, em parceria com Hugo Penedones e Clara Gonçalves. Trata-se de uma equipa pluridisciplinar e com uma vasta experiência de trabalho internacional em projetos de investigação e de engenharia, quer em termos universitários quer em empresas tecnológicas como a DeepMind, Google, Amazon e Microsoft. Experiências vitais para que hoje sejam procurados por entidades americanas em busca de soluções tecnológicas “cada vez mais sofisticadas”.
Subscrever newsletter
Mas as portuguesas estão crescentemente a interessar-se pelas soluções da Inductiva, o que leva a empresa a esperar duplicar o seu volume de negócios em 2023. “Sentimos que o mercado se abriu; os choques conjunturais, como a questão energética ou as dificuldades logísticas, estão a fazer com que as empresas, mesmo das indústrias mais tradicionais, se apercebam da necessidade que têm de otimizar os seus processos, de modo a reduzir custos. E a simulação, por exemplo, de como funciona um forno ou de como transportar determinados fluidos, pode ser vital”, explica o CEO. A empresa diferencia-se por entregar as soluções que desenvolve “em código aberto, para serem reutilizadas como as empresas entenderem”.
Luís Sarmento não específica valores de vendas, porque está obrigado a sigilo pelos acordos de confidencialidade assinados com o parceiro de biotecnologia americano, mas garante que, apesar de nascida há dois anos apenas, a Inductiva já conseguiu, em 2022, atingir o break even, ou seja, “já estamos a faturar tanto ou mais do que gastamos”.
A equipa também tem crescido – são já 14 pessoas – e sem dificuldades em contratar. Começaram essencialmente por procurar físicos e matemáticos e, mais recentemente começaram a aumentar a sua base de engenharia.
“Recebemos muitos currículos, só não contratamos mais porque isso nos desequilibraria. Não é que sejamos já muito conhecidos, mas estamos a trabalhar em projetos que ajudam a resolver problemas do mundo real, seja na redução da pegada carbónica ou na simulação de fármacos. As pessoas gostam de trabalhar em projetos com impacto”, defende Luís Sarmento.
Deixe um comentário