//Inês Valadas: “Estamos prontos para lançar o 5G e muito treinados para competir”

Inês Valadas: “Estamos prontos para lançar o 5G e muito treinados para competir”

Começou na Telechamada, empresa dos beeps e pagers da Telecel, regressou à Vodafone em vésperas do 5G. Pelo meio, Inês Valadas, desde maio a nova administradora da área de particulares, com responsabilidade pela marca, desenvolveu uma carreira na Sonae, primeiro nas telecomunicações (Novis e Clix) e, depois no retalho, onde na Sonae MC liderou o arranque da Well”s e da Dr. Well”s. “Vinha à procura de mundo e ganhei um mundo diferente”, diz sobre a sua mudança. Entrou na operadora em plena pandemia. Sinal dos tempos, nunca teve uma reunião presencial com a sua equipa, ou com a administração. Nada que impeça a implementação do rebranding da Vodafone e a oferta 5G para os particulares: “Estamos prontos para lançar o 5G.”

No seu último rebranding, em 2017, a Vodafone falava de um “futuro incrível” e perguntava “estão prontos?”. E a Vodafone estava preparada para a covid?

O mundo genericamente não estava preparado. Cheguei em maio e vi uma empresa completamente focada nos clientes, com uma rede a funcionar, uma marca fortíssima, com uma adaptação de toda a equipa, cuidado extremo com todos os colaboradores, com os clientes, pelos processos, com muitas iniciativas que acompanharam áreas da sociedade, através da nossa Fundação. A Vodafone, sendo uma empresa de tecnologia, conseguiu dar um bom exemplo de uma adaptação rapidíssima, com muito cuidado com os seus colaboradores e clientes.

A pandemia pesou no rebranding?

Evidentemente, o momento que estamos a viver influenciou este reposicionamento. Toda a preocupação do nosso propósito – com a inclusão, o ambiente – associada ao momento que estamos a viver fez-nos evoluir para uma nova forma de comunicar que queremos mais inclusiva. Vamos evoluir para uma nova assinatura de marca, rebrandingTogether We Can (Juntos Conseguimos), que visa corporizar uma força maior conseguida pela associação das pessoas à tecnologia. É um apelo a uma mobilização conjunta, integrada com a tecnologia, em favor da humanidade. O momento que estamos a viver torna-nos mais sensíveis a passar de uma cultura mais individual a coletiva. A pandemia trouxe-nos a necessidade de nos mobilizarmos todos em direções e propósitos comuns.

O rebranding e o reposicionamento ocorrem quando em Portugal decorre o leilão do 5G. Já lançaram campanha 5G.

Este ano será o arranque de serviços comerciais?

A grande maioria dos países onde a Vodafone está presente já tem 5G e a Vodafone está com 5G na larguíssima maioria deles. Tecnologicamente estamos prontos para lançar o 5G assim que seja possível do ponto de vista regulatório. O que está a atrasar é o processo em curso, e a forma como foi desenhado pelo regulador. Só a partir do momento em que tivermos a licença é que podemos ir para o mercado e só nessa altura anunciaremos os produtos e serviços que estamos a preparar. Não sei quanto tempo falta, depende de quanto demorar o leilão, mas tão breve quanto possível.

Que impacto terá nos preços, tema hoje ainda mais sensível?

A tendência nos últimos anos – e não é nova – é que os preços não têm aumentado. As ofertas que temos de 3P e 4P são mais baratas do que as equivalentes há oito anos, quando não existiam a tecnologia e a velocidade de hoje. O impacto nos preços o mercado ditará, colocaria o foco naquilo que vai ser a melhoria da experiência dos utilizadores, com novas oportunidades de serviços, seja realidade virtual, gaming, nas empresas, na saúde, ou na indústria.

Antecipa-se a entrada de novos operadores, pelo menos da MásMóvil, aumentando concorrência. Como se estão a preparar?

Não vou comentar as condições de entrada dos novos concorrentes – a nossa posição é sobejamente conhecida. Falando apenas da concorrência, é muito saudável. Fui atleta de alta competição até aos 20 anos, sempre trabalhei em mercados altamente competitivos e a Vodafone está muito treinada para competir. Somos challengers na televisão, fomos dos últimos a construir fibra, tivemos de construir quase de raiz este novo caminho e estamos a mostrar que somos melhores e a crescer mais do que os outros. Sabemos que vem aí mais concorrência, que o mercado vai ser dividido por mais um concorrente. Se queremos continuar a crescer só nos resta uma solução: sermos muito ágeis, continuarmos muito focados nos nossos clientes, lançarmos produtos melhores do que os outros, com maior impacto e sermos o operador favorito dos portugueses. É nisso que estamos a trabalhar.

Em 2020 foram quem mais cresceu em quota de clientes de pacotes e de receitas – neste último, os únicos a crescer. Esse crescimento das receitas dever-se-á à subida de preços de várias ofertas, como alertou o regulador?

O aumento de receitas vem do aumento de quota de mercado e de muitos dos clientes de ganhámos, resultado da expansão da rede de fibra ótica. Dos três operadores somos o que tem a menor rede, mas somos quem mais cresce em cobertura. Se a isso juntarmos o desempenho da nossa marca, de que os portugueses gostam muito, vemos que o aumento de receitas, resulta do aumento do número de clientes mais acelerado do que qualquer um dos nossos concorrentes. Se me pergunta se aumentámos os preços no último ano, dos pacotes que representam 90% das vendas, não atualizámos preços e até, de forma recorrente, temos feito atividade promocional permitindo ao cliente aderir em condições mais vantajosas.