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O Licor Beirão lançou uma nova garrafa, mais ecológica, que pretende manter a marca “atual, elegante e apelativa”, mas também “mais internacional”. As vendas ao exterior, que historicamente se situam nos 20%, estão atualmente a chegar “quase aos 30%”, mas o grande objetivo, avança o CEO do grupo, é chegar aos 50% em cinco anos. França, Suíça e Estados Unidos são mercados históricos da marca, que assume ter uma “ambição muito grande” em destinos como a Alemanha e o Benelux, bem como Espanha onde criou, no ano passado, uma estrutura própria de vendas.
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“A criação de marca fora de Portugal é muito cara e é sempre um investimento a médio e longo prazo. Conseguir que o Licor Beirão seja relevante para os consumidores em todos estes mercados é um desafio tremendo”, reconhece Daniel Redondo. E embora não haja muitos casos de sucesso de marcas assumidamente portuguesas além-fronteiras, o empresário admite que a situação está a mudar, graças a um maior conhecimento do país. “Temos mais turismo e mais expatriados a viver em Portugal que valorizam a nossa cultura e as coisas boas que temos”, sustenta.
O grupo tem crescido e é hoje constituído pela casa-mãe e produtora do Licor Beirão, a J. Carranca Redondo; uma distribuidora em Portugal, a Companhia Espirituosa; e uma outra para os mercados externos, a Casa Redondo, que conta já com unidade em Espanha. A equipa de operação, vendas e marketing tem sido reforçada, passando de uma unidade familiar de quatro pessoas, em 2011, para as 80 atuais, a que acrescem os 50 na área da produção.
Um número grande porque todas as garrafas de Beirão, e são milhões ao ano, levam uma fita que é colada à mão. “É algo histórico na garrafa e de que não abdicamos. Fala-se cada vez mais em Inteligência Artificial, mas nós vemos este toque pessoal como algo com muito valor acrescentado, que passa um pouco o que é a nossa cultura de empresa, de muita proximidade”, explica Daniel Redondo, da terceira geração empresarial. A marca Licor Beirão, cuja receita original remonta ao século XIX, foi criada em 1929 e comprada por José Carranca Redondo, avô de Daniel – e do irmão Ricardo, que também trabalha na empresa, tal como o pai de ambos, José também – em 1940. Foi ele quem criou, em 1960, o icónico slogan “Licor Beirão, o licor de Portugal” que ainda hoje permanece.
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Também as vendas têm crescido, com o Beirão e as suas diversas marcas e produtos, a assegurarem “mais de 50 milhões de euros” de faturação em 2022. Este ano, deverá aumentar cerca de 6%, graças, sobretudo, à performance internacional. O mercado nacional está a crescer, mas apenas 2%, um valor considerado “interessante”, atendendo à conjuntura internacional, ao aumento da inflação e à retração dos consumidores.
Mas a fábrica do Beirão, na Quinta do Meiral, na Lousã, já não tem espaço para acompanhar a ambição do grupo, razão porque está previsto um investimento de dez milhões de euros na construção de uma nova unidade, a dois quilómetros da atual. Com arranque previsto para daqui a dois anos, a nova fábrica vai criar 40 postos de trabalho e dar respostas às necessidades na área da inovação, seja para a produção dos cocktails pré-feitos, os chamados ready to drink (RTD), seja para a personalização de garrafas e acabamentos especiais.
O grupo entrou nos RTD no ano passado, com o lançamento do Caipirão e do Morangão em lata, e está satisfeita com os resultados. “Está a correr muito bem. É uma categoria ainda muito embrionária, mas já mais do que duplicámos o volume do primeiro ano e já é a marca líder da categoria”, avança o empresário.
Os cocktails pré-feitos estão a ser exportados “pontualmente” para alguns mercados, mas o foco nesta categoria é em Portugal. “Aqui há a questão da marca. Quando vai a uma loja de conveniência em Berlim ou em Londres, um consumidor procura nos RTD as marcas que conhece, ou um cocktail genérico, como um mojito. Primeiro temos que criar a marca Beirão nesses mercados para depois podermos avançar com o Caipirão e o Morangão”, acrescenta. O grande entrave é a particularidade do produto.
“Quando me perguntam a que líquido se compara o Licor Beirão, não se compara com nada. É um produto único e muito específico de Portugal, o que é uma mais-valia e uma dificuldade. Quando estamos a entrar num mercado novo é difícil explicar o que é o Beirão, mas depois, os consumidores que gostam, são muito fiéis”, garante Daniel Redondo.
Promoção. O ‘Licor de Portugal’ vai ter um museu na Lousã
-Turismo
Em fevereiro de 2024 deverá abrir o museu da marca, um projeto com mais de uma década, que foi sendo adiado para cumprir outros, como a abertura de novos mercados e a presença em mais feiras.
-Poupança
A nova garrafa regressa à cor castanha, originária da marca nos anos 40 e 50, o que permite incorporar mais vidro reciclado. É também mais estreita, o que permite otimizar o transporte, e é mais leve, algo muito valorizado pelos mercados do norte da Europa.
-Sustentabilidade
“É algo intrínseco à marca”, garante Daniel Redondo, que aponta os painéis solares, viaturas elétricas, a reutilização da água e o reaproveitamento dos componentes agrícolas usados na destilação como a norma na empresa há vários anos.
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