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Com os recursos que já tem identificados, “a Galp tem pela frente 50 anos de produção de petróleo no Brasil”, mantendo o compromisso de não procurar novas reservas, conforme assumiu que faria, virando-se para fontes de energias limpas e tecnologia inovadora. E está também a viver um momento entusiasmante no gás – mercado recém-liberalizado no qual a energética portuguesa está a crescer com grande rapidez -, preparando-se para avançar com um investimento sério nas renováveis, também do lado de lá do Atlântico.
Se o mercado brasileiro é já muito relevante para o CEO, com a Galp a completar o top três das maiores produtoras petrolíferas de um país que é o sétimo maior exportador – e que deverá chegar a quinto antes de acabar a década -, Andy Brown encontra muito mais potencial no Brasil. Que passa grandemente pelo solar, mas também pelas eólicas, “por soluções híbridas inovadoras que possam combinar essas duas fontes” e até pelo potencial do hidrogénio.
Num encontro na sede da empresa, em Lisboa, por ocasião da visita do ministro das Minas e Energia do Brasil, Andy Brown revelou que a Galp está a avançar em força para se posicionar como um dos maiores comercializadores de gás no país. “A liberalização do mercado tem seis semanas e abriu uma nova porta para os negócios desta empresa no Brasil”, confirma o CEO, especificando que a Galp conseguiu já, além da produção própria, assegurar contratos para comercializar o gás de outros seis produtores naquele país.
Ao lado do ministro Bento Albuquerque (que hoje se encontra com o presidente Bolsonaro em Moscovo), o presidente da companhia portuguesa reforçou o empenho e o investimento nas renováveis, área em que se estreou no Brasil apenas no ano passado, com cerca de 600 megawatts instalados no solar. “Mas isto é apenas o início”, sublinha Andy Brown, assumindo os objetivos de chegar a 2025 com mais 4 gigawatts de capacidade operacional bruta em energia de fontes renováveis.
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Os planos enquadram-se bem nas perspetivas e prioridades de desenvolvimento traçadas pelo governo de Bolsonaro para um país que, conforme definiu o ministro das Minas e Energia, “terá investimentos dedicados a esta área que será da ordem dos 620 mil milhões de euros na próxima década”. E o propósito está traçado também para fazer crescer as energias limpas. “Hoje cerca de 20% da nossa matriz elétrica vem de fontes renováveis e nós queremos chegar a 2030 com essa fasquia perto dos 50%. Isso abre imensas oportunidades para a Galp”, confirma Bento Albuquerque.
Sendo a empresa portuguesa a terceira maior produtora de petróleo daquele país, com 5 mil milhões de investimentos ativos e métodos inovadores que lhe permitem fazer a exploração e prospeção com metade das emissões de CO2, a relação da energética com Brasília é próxima e de confiança. Pelo que as oportunidades são sempre consideradas.
“O Brasil é enorme em termos de recursos e se os nossos investimentos são ainda em primeiro lugar no aumento da produção de petróleo”, que faz sentido num contexto de subida de preços e limitado aos campos onde já foram identificadas reservas, “as renováveis são certamente uma aposta de futuro” e o gás “uma área em que queremos afirmar uma posição sólida”, assume o CEO.
E pode o hidrogénio verde, caminho crescentemente apontado pelas autoridades portuguesas na transformação energética em curso, ser uma opção também no Brasil? Andy Brown não tem dúvidas: “É uma possibilidade muito atrativa, sobretudo no que respeita ao desenvolvimento de novas tecnologias, em que a Galp pode ser um importante parceiro. Não é uma prioridade, mas o Brasil tem aí também atrativos interessantes para eventuais investimentos.”
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