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O investimento na ferrovia previsto na proposta final do programa de investimentos para 2030 (PNI2030), ontem apresentado pelo governo, duplica o valor inscrito na primeira versão do programa, datada de janeiro de 2019.
O governo estima agora investir 10,5 mil milhões de euros ao longo desta década na renovação e construção de novas linhas e na compra de comboios, contra os 4,04 mil milhões iniciais.
A nova linha ferroviária entre Porto e Lisboa, a construção de um novo trajeto entre Porto e Vigo e a aquisição de 129 comboios – com possibilidade de comprar mais 50 – explicam boa parte desta subida.
Só a nova linha Porto-Lisboa vai custar 4,5 mil milhões de euros, mais do que todo o orçamento inicialmente planeado para o caminho de ferro. As duas principais cidades do país, daqui a 10 anos, deverão ficar à distância de 1h15 em vez das actuais 2 horas e 58 minutos. Antes disso, Lisboa e Porto ficarão a duas horas de comboio quando ficar concluída a construção da variante Soure-Gaia.
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A primeira versão do PNI2030 apenas contemplava a quadruplicação de quatro troços ferroviários na linha do Norte: Cacia/Gaia, Soure/Coimbra, Santarém/Entroncamento e Alverca/Azambuja.
Novidade na versão final do PNI2030 também é a nova linha entre Porto e Vigo, orçada em 900 milhões de euros, e que poderá colocar a Invicta a cerca uma hora de comboio da Galiza numa década. Primeiro, haverá obras entre Braga e Valença, que reduzirão em 60 minutos uma deslocação que atualmente demora 2 horas e 22 minutos.
Os comboios elétricos vão poder circular por toda a rede ferroviária a partir de 2030, graças a um investimento de 740 milhões de euros. Será posta catenária nos troços Régua-Pocinho, Caldas da Rainha-Louriçal e será ainda lançado um estudo para eletrificar a linha do Leste.
Também será estudada a construção de uma linha ferroviária para o Vale do Sousa e estudada a reativação do troço Beja-Ourique, assim como da linha do Douro até Barca d’Alva.
Há ainda 230 milhões de euros para eletrificar o troço Casa Branca-Beja (linha do Alentejo), modernizar o percurso Poceirão-Bombel e ainda reduzir o tempo de percurso na ligação entre Lisboa e Algarve. Será estudada a construção de uma tereira ponte ferroviária sobre o Tejo, em Lisboa.
A linha do Vouga vai manter a bitola métrica (largura mais estreita de carris) mas será totalmente eletrificada, num investimento de 75 milhões de euros, o que não estava previsto no plano inicial.
Será ainda proposta a construção de uma nova linha entre Aveiro e Mangualde, desta vez por 600 milhões de euros, menos 50 milhões do que nos dois pedidos de financiamento chumbados anteriormente pela Comissão Europeia.
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A compra de novos comboios também foi acrescentada à lista de projetos do programa de investimentos.
Serão comprados pelo menos 62 comboios para as linhas suburbanas de Lisboa e Porto. O valor de 680 milhões de euros contempla a possibilidade de acrescentar mais 36 unidades.
Ao serviço regional vão juntar-se 55 unidades elétricas, para substituir a atual série 2240, com mais de 50 anos de serviço. Com chegada prevista a partir de 2025, estes comboios vão custar 385 milhões de euros.
Para tirar partido das novas linhas, serão comprados, no mínimo, 12 comboios de longo curso de alto desempenho. Por 650 milhões de euros, poderão ser compradas ainda mais 14 unidades da categoria Alfa Pendular.
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A vinda de comboios adicionais está condicionada à existência de financiamento europeu.
A eletrificação da restante rede ferroviária nacional até 2030 passou a estar orçada em 740 milhões de euros; anteriormente, havia uma fatia de 205 milhões.
O plano para as linhas de comboio também prevê a ligação da linha de Cascais à restante rede nacional. Poderão ser feitos, desta forma, comboios diretos entre a vila cascalense e Lisboa.
Há ainda 450 milhões de euros para melhor a segurança na linha, uma subida de 75 milhões. Serão suprimidas 155 passagens de nível e automatizadas 79.
O PNI2030 apenas será aprovado em Conselho de Ministros nos próximos meses, após avaliação estratégica e ambiental. No total, serão investidos 42,88 mil milhões de euros em infraestruturas, mobilidade e ambiente e ainda em projetos de regadio.
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