//João Baptista Leite: “Estou preocupado com o malparado que virá”

João Baptista Leite: “Estou preocupado com o malparado que virá”

Depois de um ano de franca recuperação, com um recorde de transações que representou 20,6 mil milhões de euros, João Baptista Leite está confiante de que tornará a quebrar barreiras, “passando os 22 mil milhões e com boa rentabilidade, graças ao regresso dos turistas”. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o presidente da Unicre mostra-se confiante nos resultados e tem já os números do primeiro semestre de 2022 a dar-lhe motivos para isso. Com o impulso do regresso dos turistas, a rede de terminais Reduniq viu a faturação com cartão subir face a 2021, com quase metade do valor a vir daí (45%).

“O crescimento acumulado de faturação com cartão face a 2021 é resultado, sobretudo no segundo trimestre, da recuperação da atividade turística. A faturação estrangeira já está cerca de 25% acima dos valores registados em 2019, um dos melhores anos de turistas”, explica, apontando o aumento do valor médio por transação de 31 para 34 euros, efeito inflação.

Nos primeiros seis meses do ano, três em cada quatro pagamentos com cartão foram feitos via contactless, uma área que explodiu com a pandemia – passou de 6% para 66% dos pagamentos em dois anos – e que constitui uma das grandes apostas da Unicre, agora que se venceram as barreiras psicológicas que afastavam os portugueses de aderir a essas soluções.

“Estamos a investir muito nesses sistemas, criámos o Smart POS Android, o ticketing de faturação…” e nos cartões, em que a quota é de apenas 2%, é assumida a vontade de aumentar penetração de mercado. “Vamos concentrar-nos nisso, com a noção de que o nosso cartão pode ser usado em qualquer parte do mundo e com ótimo nível de serviço – as reclamações são residuais (temos múltiplas camadas que permitem prestar serviço) e para quando algo corre mal temos o call centre, muito humanizado.”

Para garantir o nível de resposta, o próprio CEO faz questão de ouvir dez dessas chamadas por mês, ajustando a resolução de problemas e melhorando a cada caso. A qualidade é a aposta em todas as vertentes do negócio da Unicre. “Temos pouca quota (de cartões), mas o serviço diferencia-nos, bem como o facto de sermos independentes de bancos, o que dá enorme flexibilidade, além de poder alterar configurações ao momento (pedir crédito ou alterar tranches de pagamento, por exemplo), na app.

A estratégia de expansão passa por aqui. “Crescer organicamente, quando cada português tem quatro ou cinco cartões é algo que tem de ser debatido.” Pelo que Baptista Leite prefere outra abordagem: transformar o cartão Unicre, com ou sem crédito, numa wallet simples de usar. “Estamos a trabalhar nisso para sermos diferenciadores, incluindo tudo no cartão”, avança o CEO, que já há muito deixou a carteira na gaveta e tem no telemóvel não apenas meios de pagamento como toda a documentação.