Partilhareste artigo
Comprar um biquíni pode revelar-se uma tarefa difícil, sobretudo porque nem sempre – ou quase nunca – o tamanho das partes de cima e de baixo não coincide. Mas há poucas marcas a vender as peças separadamente. E foi para dar resposta a esse dilema e à falta de tamanhos mais pequenos e peças de design minimalista, que nasceu a Kalimera Collection.
Natural de Aveiro, mas a viver e a trabalhar em Paris, para onde se mudou quando terminou o curso de Medicina Dentária, Sara Arrais é uma apaixonada por viagens e fotografia, o que a levou a criar, em 2015, o Kalimera Concept, um diário de viagens online. Agora, kalimera, palavra grega para “bom dia”, mas usada também para transmitir as ideias de alegria e bem-estar, dá origem a uma marca de biquínis e fatos-de-banho, desenvolvida e produzida em Portugal, assente numa filosofia de sustentabilidade.
Uma ideia que começou a ser idealizada há dois anos, mas só agora, por causa da pandemia, chega ao mercado. Foi a dificuldade em encontrar no mercado produtos com tamanhos pequenos e sobretudo a possibilidade de combinar diferentes tamanhos que levou à criação da Kalimera.
“Tinha muita dificuldade em encontrar tamanhos XS e designs simples e sem folhos ou fitinhas e foi aí que pensei em desenvolver uma marca que, ao mesmo tempo, permitisse a compra de biquínis combinando diferentes modelos e tamanhos nas várias peças, de modo que se adaptem melhor ao corpo de cada mulher”, explica.
Subscrever newsletter
Criativa por natureza, mas sem conhecimentos de design, Sara pediu a uma amiga, Marta Araújo, designer de calçado, que passasse a papel o que lhe ia na cabeça. O problema foi encontrar fábricas para dar forma ao sonho. “Não há muitas fábricas de swimwear em Portugal e tivemos dificuldade em encontrar quem estivesse disponível para produzir pequenas quantidades.”
Redes de pesca na equação
Com a pandemia e o abrandar de encomendas internacionais, acabou por encontrar o parceiro certo em Guimarães, embora a covid tenha criado dificuldade em arranjar matérias-primas, obrigando a sucessivas reformulações.
A escolha acabou por recair no econyl, um fio de nylon desenvolvido a partir da recuperação de redes de pesca, retalhos de tecidos e plástico industrial, comprado em Itália. As embalagens são plastic-free, o papel utilizado tem certificação ambiental FSC. Alguns pequenos acessórios vêm de França, mas a produção é nacional. “Quando tivemos dificuldade em encontrar uma fábrica que aceitasse produzir a Kalimera Collection, ainda nos informámos sobre fornecedores asiáticos. Claro que a produção sairia muito mais barata, mas quisemos manter-nos fiéis aos valores e ideais de sustentabilidade. Claro que um biquíni de fast-fashion é mais barato, mas não vai durar o mesmo tempo nem foi produzido de forma ética como são as nossas peças”, sublinha a jovem empresária.
E os consumidores parecem estar de acordo. A Breeze, coleção de lançamento da Kalimera Collection, está no mercado há um mês e, apesar de o verão ainda estar longe e as incertezas quanto às viagens permanecerem, as vendas estão a superar as expectativas. “Houve um modelo que esgotou nas primeiras 24 horas. O feedback está a ser muito bom”, diz Sara Arrais. À venda na loja online da marca, cada peça vai dos 45 aos 55 euros. Os fatos-de-banho custam 90 euros.
O projeto é o resultado de um investimento na ordem dos 25 mil euros, todo realizado com recurso a meios próprios. Quanto a perspetivas de venda, Sara Arrais reconhece que é difícil planear muito, dado o panorama pandémico. Por agora, está focada no mercado português, embora já tenha conseguido algumas clientes na Europa. “Queremos ser uma referência em termos de qualidade e respeito pelo meio ambiente. Pouco a pouco, gostaríamos de chegar a outros mercados e reforçar o selo de qualidade do nosso país lá fora”, sublinha.
Deixe um comentário