Partilhareste artigo
A Web Summit de 2023 arranca na segunda-feira e, pela primeira vez, aquela que é uma das maiores cimeiras tecnológicas da Europa não tem à cabeça o fundador Paddy Cosgrave, que renunciou à liderança da organização após comentários sobre o conflito israelo-palestiniano terem motivado um boicote de algumas big tech (Apple, IBM, Alphabet, Meta ou Siemens).
Relacionados
A poucos dias do evento, Katherine Maher, que é CEO da Web Summit há menos de quinze dias, concedeu as primeiras declarações a um jornal português (ainda que por e-mail) ao Dinheiro Vivo (DV) sobre o atual momento da Web Summit.
“Estamos muito gratos pelo forte apoio que Portugal tem dado à Web Summit ao longo dos anos, e nestas últimas semanas, e sentimos que este compromisso tem sido profundamente benéfico para ambas as partes”, escreveu Maher.
A mulher que já trabalhou para o governo dos Estados Unidos e para a UNICEF e que ganhou notoriedade à frente da Wikimedia, fundação da Wikipedia – o que a levou ser uma das oradoras da Web Summit de 2019 – admitiu ao DV que “existem desafios relacionados com a controvérsia [em torno das palavras de Cosgrave]”. Embora não o tenha dito, depreende-se dos comentários feitos que a prioridade da organização é reposicionar o evento nesta edição, salvando-o. Para isso Maher conta com a Câmara de Lisboa e com o Governo português.
“Temos uma parceria de longa data com Portugal, que nos tem apoiado incrivelmente nos últimos 8 anos”, sublinhou a gestora, afastando quaisquer riscos da recente polémica pôr fim ao evento em Portugal.
Subscrever newsletter
“A Web Summit continuará a realizar um evento fantástico em parceria com Portugal. O meu primeiro dia de trabalho como CEO foi passado a visitar o novo escritório no hub do Beato [onde se localiza o escritório da Web Summit em Lisboa], a conhecer a equipa e a visitar o presidente da Câmara Municipal de Lisboa [Carlos] Moedas e o Ministro da Economia, António Costa Silva”.
Convite chegou por mensagem
Nas breves declarações por escrito ao DV, a recém-escolhida presidente da Web Summit revelou que o convite para liderar a empresa chegou por mensagem. “Estava a regressar de uma viagem ao estrangeiro e recebi uma mensagem a perguntar se poderia falar com a Web Summit sobre as suas necessidades de transição”, disse.
Katherine Maher contou que à sua resposta positiva seguiu-se uma reunião com “vários” membros da direção da Web Summit – mas não disse se falou com Cosgrave. “Ficou claro”, enfatizou Maher, “que poderia haver um alinhamento” entre as suas competências e o que a empresa procurava num CEO. Lembrando que a sua escolha surgiu no âmbito de um “rápido” processo de seleção de gestores de topo, a nova CEO da Web Summit manifestou-se motivada para o desafio, considerando “que a equipa e a empresa são fortes”.
No entanto, reiterou que o momento é de “transição” no universo da Web Summit, tendo em conta a influência de Cosgrave no crescimento da organização e do evento.
Katherine Maher garantiu estar preparada. “Há uma excelente equipa, que organiza eventos incríveis, as pessoas adoram a experiência e tiram muito proveito dela”, asseverou. E isso – concluiu – dá “muita confiança” sobre a solidez da Web Summit enquanto evento e enquanto organização, criando “o espaço e a estabilidade para construir e reconstruir a confiança e planear um excelente futuro”.
A Web Summit realiza-se entre 13 e 16 de novembro, em Lisboa. São esperados cerca de 70 mil participantes nesta edição, em que se registaram 2600 startups de 85 países, incluindo de Trindade e Tobago, Lichtenstein, Peru e Gana. “Estou particularmente entusiasmado por verificar que quase um terço dessas empresas são fundadas por mulheres”, notou Katherine Maher.
A estas startups somam-se 900 investidores, 300 entidades parceiras e dois mil meios de comunicação social registados, oriundos de 160 países. A organização tem ainda o registo que 32 países dos cinco continentes vão enviar delegações oficiais à Web Summit em busca de investimento estrangeiro.
Deixe um comentário