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“A mobilidade é o futuro e temos de nos ater a esta meta, mas temos de ser flexíveis. É uma aprendizagem constante e também um negócio de rede.” Esta foi uma das conclusões apresentadas por Klaus Entenmann, senior advisor para o Futuro Global da Mobilidade da Deloitte, no painel “Futuro da Mobilidade: um conceito sempre em mudança” da sessão desta quinta-feira da Portugal Mobi Summit.
“Aquilo que temos vindo a assistir nos últimos dez anos – vejam a inovação, a tecnologia – que nos permite ter uma mobilidade diferente. Que nos dá novas tendências. Algumas delas não agradam à indústria automóvel, como o facto de as pessoas quererem menos carros – os jovens, por exemplo”, acrescentou o alemão.
Mas para Entenmann existem também algumas frustrações, principalmente na área da mobilidade integrada. “Esta frustração vem de alguma falta de vontade para as empresas trabalharem em conjunto. (…) Quando se fala do futuro da nova mobilidade tem de se falar em cooperação, em partilha, em política, em cidades, empresas privadas. É possível, a tecnologia está lá!”
No que diz respeito à estratégia da indústria automóvel está presente um desafio de transição, “o maior desde a invenção do automóvel. Até ao momento, os fabricantes premium tinham de ter veículos mais utilitários, mas agora são outros os desafios.”
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A covid-19 também veio pressionar todo o sistema, toda a indústria automóvel, e estes têm de decidir onde investir. Têm de apostar na conectividade, disse Entenmann. Os elétricos têm de ter mais autonomia, melhor capacidade de armazenamento. “Falava-se também na chegada dos veículos autónomos em 2022, mas isso não vai acontecer”, prosseguiu este especialista em mobilidade. “Está claro que nas empresas de automóveis – como a Volkswagen e outras – o seu investimento é óbvio. Elas querem ser empresas de mobilidade.”
Por outro lado, a corrida ao hidrogénio está lançada. “Na Europa, é muito claro. A política dos fabricantes europeus é o elétrico. Nos setor dos camiões é o hidrogénio, devido à autonomia. Já os japoneses estão apostar na célula de combustível de hidrogénio, que poderá compensar no futuro.
Ainda existem coisas a melhorar quanto aos carros elétricos, relativamente às baterias, por exemplo. Mas se os políticos investirem mais numa rede para o hidrogénio, aí poderá ser uma alternativa”, sublinhou o senior adviser da Deloitte, que tem mais de 40 anos de experiência de mobilidade.
Um cenário que se vislumbra num futuro não muito distante é o dos táxis autónomos, garantiu Entenmann: “Desde que haja sol, tem de haver sol. E não pode ser uma cidade com muita gente, como na Ásia. Eles vão ser uma realidade. Entre 2025 e 2030, os táxis autónomos serão uma realidade”
Quanto ao impacto da covid-19, Entenmann disse esperar que já “estejamos na segunda e última vaga e que tenhamos uma vacina até ao final do próximo ano. Até lá temos de assegurar que fazemos o que for necessário para proteger as pessoas, como ter diferentes horários de trabalho.” “Muitas mudanças vieram para ficar, como as reuniões de trabalho à distância… As viagens para reuniões de trabalho vão acabar. Mas claro que as pessoas vão querer voltar a viajar, mas menos”, acrescentou este responsável da Deloitte.
Sobre a mobilidade em Lisboa – uma “cidade maravilhosa” – Klaus Entenmann referiu que, em 2020, é a “capital ecológica do mundo.” “Lisboa começou muito cedo com sistemas inovadores na rede de transportes”, prosseguiu este especialista, lembrando que na capital portuguesa “94% das pessoas estão perto de sistemas de transportes.”
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