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Nos últimos sete anos a KPMG, e nomeadamente a KPMG Portugal, tem investido na área da tecnologia. Agora a empresa prepara-se para dar mais um passo e criar um centro de excelência em low code, em Portugal. Uma iniciativa que pretende dar resposta à crescente procura por esta linguagem que está na base do desenvolvimento de projetos. E uma oportunidade de negócio não só pelo crescimento exponencial verificado, mas também por não existir capacidade por parte dos países para responder aos desafios.
O centro de excelência é um coinvestimento entre a filial portuguesa e a KPMG global e implica a contratação de 200 pessoas no próximo ano. São cerca de seis milhões de euros de investimento que, para Vítor Ribeirinho, presidente do conselho de administração e senior partner da KPMG Portugal, vai ser um “game changer” para a empresa. Mas, principalmente, vai servir para reposicionar a KPMG que continua a ser muito vista como uma auditora.
Embora este centro esteja localizado em Portugal, está a ser montado em cooperação com outros países europeus, nomeadamente Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Países esses que vão fornecer talento para o centro de excelência. Sendo que, com as tecnologias atuais, não precisam de ter todos a trabalhar num edifício gigante. A par disto, a KPMG investe na proximidade com os estabelecimentos de ensino, nomeadamente com uma parceria estratégica com a Nova SBE que, numa primeira fase, implica um coinvestimento, com uma doação de 1,5 milhões de euros para a fundação que faz a exploração do campus de Carcavelos.
Mas, “mais importante é aquilo que vem a seguir”, refere Vítor Ribeirinho, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Um investimento adicional de 1,5 milhões de euros, feito pela KPMG Portugal, para “atribuir licenciaturas específicas, em matérias específicas, aos colaboradores” da empresa. Sendo que a companhia quer ter esta relação de proximidade com outras universidades.
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“Estamos perto de finalizar um acordo de parceria com o Instituto Superior Técnico”, além das entidades com quem já trabalham: a Católica, a Universidade do Minho, a Universidade de Aveiro e a Universidade de Évora.
Consultoria ganha terreno à auditoria
A ligação da KPMG à Web Summit, desde a sua fundação, teve influência na estratégia, fazendo que a rede a nível global estivesse comprometida com a tecnologia. Hoje, segundo Vítor Ribeirinho, a empresa conseguiu uma sinergia muito interessante entre o que é o seu posicionamento estratégico – aposta na tecnologia – e o propósito da Web Summit.
Em 2014, com a compra da Safira, houve uma viragem na estratégia da consultora. Houve “uma opção estratégica de diversificar o nosso negócio”, refere Vítor Ribeirinho. Isto porque até essa altura mais de 50% do negócio em Portugal estava assente em auditoria. Hoje tudo mudou e mais de 50% do negócio está assente na consultoria – sendo que dentro desta mais de metade “vem da área de tecnologia”.
Embora, desde 2015, com a nova legislação sobre a auditoria a empresas cotadas, a atividade tenha sofrido alterações, Vítor Ribeirinho considera que isso não diminuiu a importância da mesma. É certo que as novas regras obrigaram as empresas cotadas “que tinham relações longas e estáveis com os seus clientes” a “rodar obrigatoriamente”.
O que significa isso para a KPMG? “Temos de nos preparar para o próximo ciclo”, assume o senior partner da empresa em Portugal.
Confirma ainda o responsável que a auditoria é uma atividade estratégica para a empresa, mesmo “porque continua a representar mais de um terço das vendas” da KPMG, sublinha. E a prova desse compromisso é que, há dois anos, a KPMG Global anunciou “o maior investimento de sempre, 200 milhões de dólares (cerca de 177 milhões de euros), no desenvolvimento de uma nova plataforma tecnológica que vai suportar os trabalhos de auditoria”.
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