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Foi no coração do Douro, numa mítica propriedade em Távora, no concelho de Tabuaço, que Christoph Kranemann, cirurgião alemão radicado no Canadá, deu corpo à sua paixão pelo vinho. Um projeto de nicho, com uma produção anual na ordem das 200 mil garrafas, e que não pretende ir além disso, mantendo um “grande foco na qualidade dos vinhos e no seu posicionamento nos segmentos altos do mercado”. Este ano, a Kranemann Wine Estates prepara o lançamento de uma nova marca de Doc Douros, a Ponte do Fumo, destinada a edições especiais e limitadas, que deverá chegar ao mercado antes do verão. Mais para o final do ano, lá para outubro, será a vez de alargar a gama de tawnies velhos com um Vinho do Porto 30 Anos.
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“O nosso projeto foca-se muito na qualidade dos nossos vinhos e na especificidade do nosso terroir. Temos tido muito sucesso com os tawnies e queremos alargar a gama. Estamos com muita confiança que este 30 Anos será muito bem recebido”, diz Maria Susete Melo, a diretora de Viticultura e Enologia da empresa.
A Quinta do Convento de São Pedro das Águias é “uma das mais antigas quintas associadas à produção de vinho no Douro”, com raízes que remontam ao século XII. Christoph Kranemann, que casou com uma portuguesa, adquiriu-a em 2018 e criou a Kranemann Wine Estates, cujos primeiros vinhos – os DOC Douro Hasso e Quinta do Convento, e o Vinho do Porto Kranemann – chegaram ao mercado na segunda metade de 2019.
A pandemia, a partir de fevereiro de 2020, não facilitou a ação no mercado de novas marcas que estão centradas no segmento da restauração, o que mais sofreu com os confinamentos nos vários países.
Mesmo assim, os vinhos da Kranemann chegam já a 16 mercados distintos, com especial destaque para os países da Europa Central, como a Dinamarca, Holanda e Bélgica, mas também para a Alemanha e para EUA e Canadá, onde a marca se tem vindo a afirmar.
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A empresa cresceu mais de 50% em 2022 e fechou o ano com vendas na ordem dos 500 mil euros. As vendas para o exterior valeram 37%. Para este ano, a aposta é no crescimento na Ásia, e em especial na Coreia do Sul, Japão e China, mas, sobretudo, na consolidação dos mercados europeus.
“A questão da inflação mexe com as nossas expectativas para fora da Europa e é muito complicado, às vezes, acompanhar os mercados todos. Somos uma equipa pequena [são 14, no total], tentamos dar muita atenção aos clientes e parceiros que já temos. Temos espaço para crescer em França e na Alemanha e queremos também focar-nos no Reino Unido, que é um mercado de excelência para o Vinho do Porto e um business hub à volta dos vinhos em geral”, explica Susete Melo.
Aposta no enoturismo
O projeto inicial da Kranemann Wines Estates prevê a transformação do centenário convento num hotel, um investimento que a pandemia colocou em stand-by. A aposta no enoturismo passa, no imediato, por visitas e provas, designadamente nos claustros, sempre que a meteorologia o permite, tendo sido lançada uma oferta de seis experiências distintas, com preços que vão dos 25 aos 125 euros, e que incluem a opção de uma masterclass com a enóloga. Tudo mediante marcação prévia.
“Estamos muito focados em consolidar o projeto vínico, que é o nosso negócio principal, mas queremos abrir o enoturismo para que as pessoas possam conhecer a quinta e “entender” melhor os nossos vinhos. Dizem-nos muitas vezes que os nossos não são os típicos vinhos do Douro, mas nós também não estamos no Douro típico. O Vale do Távora tem características muito especiais e isso consegue-se explicar melhor no local”, diz Susete Melo.
O hotel virá a seu tempo. “Queremos um projeto muito bem pensado de raiz, com muito respeito pelo convento, mas também integrando toda a natureza que temos à nossa volta. Só na propriedade temos 100 hectares de mata indígena mediterrânica”, acrescenta a responsável, sublinhando: “Temos condições muito especiais para receber as pessoas”. Vinha são 45 hectares, entre própria e arrendada, numa propriedade vizinha, e não há intenção de aumentar esta área. Têm, sim, sido feitos investimentos em replantações.
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