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Dois milhões de euros em dez anos foi o que custou ao Edge Group, do empresário José Luís Pinto Basto, a reanimação da Labrador. Depois de viver tempos turbulentos, aos 31 anos a marca portuguesa de acessórios e roupa masculina dá conta do melhor resultado de sempre desde que foi comprada em hasta pública, com as receitas a ascenderem a três milhões de euros e o número de novos clientes a aumentar 68% face ao período homólogo.
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Ao momento, a insígnia conta com cinco lojas em Portugal, espalhadas por Lisboa e Porto, sendo o seu plano inicial chegar às seis. No entanto, o crescimento contínuo trocou as voltas aos objetivos da marca, que confessa agora ao Dinheiro Vivo ter previsto abrir, durante os próximos anos, mais cinco a seis lojas nas regiões onde já está presente, que implicarão um investimento de um milhão de euros.
Quando foi adquirido pelo grupo, em 2012, para além do stock remanescente, o pacote da Labrador veio com duas coisas “muito importantes: muitas das pessoas que fizeram a marca e o seu conhecimento”, considera o atual CEO, filho homónimo do fundador do grupo investidor. Estes dois elementos permitiram, segundo o mesmo responsável, continuar a “servir os clientes com o nível a que estavam habituados” e “desenhar coleções com o mesmo bom gosto, qualidade e rigor”.
Em 2013, a chancela de moda foi oficialmente relançada nas duas cidades, somando-se mais tarde as lojas do CascaiShopping e Vasco da Gama. Mas, o grande impulso deu-se em 2019, quando a gestão da insígnia foi renovada para tirar mais proveito do seu potencial – por esta altura, não só foi feito um maior investimento na inovação das coleções e em comunicação e marketing, como também foi inaugurada a flagship store nas Amoreiras, que deu alento ao negócio.
O incremento levado a cabo até então era de 20%. Contudo, tal como todos os pares, no ano seguinte, a Labrador foi surpreendida com a pandemia, que levou a uma baixa no consumo. “Emergimos melhor do que o que esperávamos”, nota José Luís Pinto Basto, atribuindo créditos à estratégia de comunicação, que redirecionou os clientes para a loja online, tendo estas vendas estado próximas em valores às de um ponto físico. No global, a quebra em 2020, face ao ano anterior, foi apenas metade do que o estimado e, em 2021, o ritmo acelerado já tinha sido recuperado.
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O público da marca de moda para homem tem, na sua maioria, idades compreendidas entre 35 e 54 anos, porém, nos últimos tempos, o segmento mais jovem tem crescido a passos largos. A tendência deve-se sobretudo à diversificação do portefólio e à implementação de um desconto de 20% até aos 35 anos, a fim de tornar a insígnia mais acessível e, assim, chegar a mais pessoas.
“Ao nível de produto, hoje oferecemos, quer na coleção desportiva e formal, quer nos serviços de alfaiataria por medida, opções para todas as gerações. Acreditamos também que este segmento procura cada vez mais peças que duram, que têm um certo critério, qualidade e autenticidade que lhes dá personalidade. Isso é algo que sempre tivemos”, destaca o responsável.
Mais de 90% dos artigos são fabricados em território nacional, salvo algumas parcerias com outras marcas nos acessórios e alguns produtos, como as gravatas, que são produzidas noutros países europeus. A Labrador emprega atualmente 40 pessoas.
Com o surgimento da guerra, os custos de produção subiram de forma generalizada, batendo à porta de todos os setores – e o da indústria têxtil não é exceção. Segundo o CEO, têm-se verificado aumentos “muito desafiantes”, alguns na ordem dos 50%. Sendo a única solução assumi-los, a marca admite ter refletido parte no preço de venda ao público (PVP) nas últimas semanas, custando agora os artigos, em média, mais 10%. “É um aumento que gostaríamos muito de reverter quando a conjuntura assim o permitir”, vinca.
Em última análise, o balanço é positivo. “Em apenas um trimestre, com o simples facto de termos aberto uma loja online e termos passado a investir em marketing e comunicação e numa maior inovação em produto, passámos de estagnados a crescer 20% ano contra ano. Este ano, fruto de todo o trabalho que temos vindo a desenvolver, chegámos a estar a crescer 100% em same store sales, isto é, sem contar com as novas lojas.”
Mas, o futuro não está garantido, ressalva o líder da marca, acrescentando que ainda há muito a fazer nesta “renovação”. Daqui em diante, é esperada uma presença reforçada e novidades no campo da alfaiataria por medida, assim como novas categorias de produto.
Ainda que o “excesso de otimismo” e um “investimento elevado” para o mercado espanhol, sob alçada dos antigos donos, tenha ditado o fosso da Labrador em 2011, a internacionalização não é, para a nova gestão, um fantasma. Esta é, sim, uma meta a ser alcançada, mas que virá acautelada, “passando sempre por uma primeira fase online”, termina o diretor-geral da Labrador.
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