O “brinquedo do século” vai reinventar-se. Alguns dos blocos da Lego estão desde este ano a ser produzidos à base de cana-de-açúcar. Ainda são de plástico, mas de um que agora é feito à base de plantas e é reciclável. A empresa dinamarquesa ainda não sabe quanto lhe vai custar ter uma produção mais sustentável, mas promete não recuar na intenção de avançar primeiro para um mundo sem plástico – pelo menos, aquela parte do mundo que é construída por crianças de todo o mundo com base nos blocos que produz.
Em entrevista à Bloomberg esta quarta-feira, um dia depois da divulgação dos últimos resultados da companhia, o CEO Niels B. Christiansen afirmou que “ainda é demasiado cedo” para ter noção do impacto financeiro da transição, ou mesmo sobre como esta se vai dar. Mas, até ver, a Lego não mudou de ideias.
“Não estou sequer seguro de que já estejamos sequer ao nível da qualidade que desejamos ter. Mas é uma agenda que quereremos promover e uma agenda que é apoiada pelo nosso dono. Queremos ser líderes nisto”, afirmou o executivo que integrou os quadros da Lego em outubro a convite da família de Kirk Kristiansen, que controla a empresa.
Em 12 anos, e em acordo com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, a Lego quer que todos os blocos que vende no mundo sejam feitos já não de plástico à base de combustíveis fósseis, mas antes de materiais mais sustentáveis.
Algumas peças da marca estão já a ser produzidas a partir de um tipo de plástico produzido a partir do etanol extraído da cana-de-açúcar, o polietileno. Dão forma a folhas, arbustos e outros elementos botânicos de brincar que a empresa oferece aos consumidores em compras de maior dimensão. Segundo a Lego, os elementos de polietileno representam já entre 1% e 2% do total de peças que a marca produz.
Até 2030, a empresa dinamarquesa tem como objetivos garantir que todo o material que produz é reciclável e introduzir também elementos de papel nalguns produtos, como os calendários adventícios que as crianças recebem nos meses que antecedem o Natal. Ao mesmo tempo, a Lego diz também estar a investir em elementos digitais que reproduzem, em ambiente de ecrã, o processo de construção.
Na primeira metade deste ano, as receitas da Lego recuaram 5% quando reportadas na moeda da Dinamarca. Foram 14,3 mil milhões de coroas dinamarquesas. Os lucros desceram 10% para três mil milhões de coroas dinamarquesas. O pior desempenho da empresa foi justificado com o enfraquecimento da moeda norte-americana no período em análise.
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