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Leica é sinónimo de fotografia, mas não só. A empresa alemã é conhecida por criar e produzir “aparelhos óticos de vanguarda” para máquinas fotográficas, binóculos ou miras telescópicas destinadas à ótica desportiva. E, em Vila Nova de Famalicão, onde se instalou há 50 anos, são desenvolvidos todos os produtos de ótica desportiva, que daqui saem com o selo made in Portugal. Também o centro de atendimento ao cliente Leica de qualquer parte do mundo está em Famalicão.
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Foi aqui que a família Leitz instalou a única fábrica que abriu além da original, em Wetzlar, na Alemanha, já lá vai meio século. Uma pequena unidade, nascida com 10 pessoas, e que hoje dá trabalho a 800 colaboradores e gerou um volume de negócios de 82 milhões de euros no último ano fiscal da Leica, terminado em março de 2023, ano recorde da fábrica. Para este ano, o objetivo é “sedimentar” vendas, conscientes de que se vive um momento de abrandamento económico que se constitui como “um desafio” para as empresas.
Foi para fugir dos elevados custos de produção na Alemanha que Ernst Leitz procurou lugares alternativos e escolheu Portugal e, em especial, Vila de Famalicão, pela “disponibilidade de recursos” com tradição na mecânica de precisão, mas também na filigrana, atividade igualmente minuciosa. Aqui começaram a ser fabricados os componentes para microscópios e câmaras, seguindo-se a produção de binóculos e, mais tarde, a montagem da Leica R3. “A gama de produtos cresceu consistentemente nos anos seguintes, incluindo a pré-montagem da lendária Leica M6 e com a Leica R8”, explica a empresa.
Os investimentos têm sido uma constante. Não só na ampliação das instalações, que hoje ocupam mais de 52 mil metros quadrados, mas também no reforço das competências. O departamento de engenharia da Leica em Portugal conta com mais de 30 engenheiros.
Nos últimos dois anos fiscais, foram investidos quase 10 milhões de euros, dos quais mais de três milhões centrados na área da sustentabilidade, com a instalação de um parque fotovoltaico com 2 megawatts de potência e a substituição do gás por bombas de calor. E só não instalaram ainda mais porque aguardam o desenvolvimento das baterias, de modo a poderem armazenar energia.
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“Temos hoje no fotovoltaico o mesmo desafio que temos nos veículos elétricos, que é saber até que ponto é sustentável aquele investimento em termos de razoabilidade económica. Se tivéssemos 3 MW de potência acabaríamos a injetar eletricidade na rede sem qualquer benefício para a operação”, explica Vítor Freitas, diretor executivo da empresa.
Quanto aos investimentos futuros, o responsável lembra que, a nível de grupo, a estratégia assenta na abertura de Leica Stores pelo mundo, espaços de venda com galeria de arte agregada e academia de formação. Em Portugal, “tudo dependerá de como a faturação for evoluindo”, sendo certo que, tradicionalmente, a marca investe em média três milhões de euros ao ano em tecnologia e novos equipamentos. Paixão, precisão e compromisso são, segundo Vítor Freitas, as palavras-chave no sucesso da Leica em Portugal, que espera que os próximos 50 anos sejam “igualmente desafiantes” como foram até aqui. “O nosso segredo são as nossas pessoas, a paixão que empregam na precisão dos nossos produtos e isso só se consegue com muita dedicação e compromisso”, frisa.
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