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As marcas de computadores estão bem e recomendam-se e beneficiam destes tempos de pandemia, de confinamento e trabalho e ensino remoto. É isso que podemos perceber dos números da gigante chinesa Lenovo – que bateu o seu recorde em receitas e lucro, que disparou 53%, já este ano. A empresa diz que passou a ser número 1 mundial em computadores e aparelhos inteligentes e a maior dificuldade tem sido corresponder a tanta procura, “numa altura em que passou-se de um portátil por família, para um portátil por pessoa”, diz-nos Alberto Ruano, diretor ibérico da Lenovo.
Os números para Portugal não são diferentes e revelam algumas tendências específicas do país neste “novo normal” em que os computadores “saíram da estagnação profunda em 2019” para se tornarem “em moda”. Durante este período as vendas dispararam 50% em Portugal (o que é semelhante a Espanha) e só não cresceu mais “por causa da limitada capacidade de entrega de portáteis com tanta procura”, diz-nos Ruano.
A Lenovo passou a liderar no último trimestre do ano o mercado de computadores em Portugal, com 25,9% de quota do mercado na conjugação entre consumo e mercado profissional – há quatro anos tinham apenas 7% do mercado. “E estimamos que vamos terminar 2020 com 30% de quota do mercado Portugal”, indica o responsável da Lenovo ibérica.
As vendas passaram a ser em boa parte online, com um crescimento de 41,8% no ecommerce da empresa. Ruano também nos explica que a pandemia mudou os comportamentos de quem compra, que quer agora gamas médias ou altas, já que passam muitas horas em frente a estes aparelhos que ganham agora nova vida.
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“Para a maioria já não basta ter um portátil, querem ter um com melhores características, que tenha melhor performance e que possa fazer a diferença em termos de eficiência e conforto no trabalho e ensino remoto”, explica, admitindo que pelo menos até março de 2021 o mercado de portáteis “deve continuar a crescer”.
O responsável da Lenovo admite também que se vive hoje “um paradigma completamente diferente” no que diz respeito aos computadores, fruto dos tempos de pandemia, “onde entregar portáteis é ajudar a sociedade e desbloquear problemas”.
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Portáteis para as escolas atrasados: “já só em 2021”
A Lenovo diz ter feito um grande esforço para reduzir o tempo de entrega dos portáteis, com reforços das fábricas na China e logística adaptada à nova realidade de grande procura. Portugal não é exceção e a empresa está integrada no concurso que o governo português abriu para entregar um total de 400 mil portáteis com conexão móvel nas escolas, para ajudar os alunos que têm de recorrer, em grande medida, ao ensino remoto – os primeiros 100 mil aparelhos estavam previstos entregar em novembro.
“Portugal não foi dos primeiros a abrir este tipo de concursos, ainda os têm a decorrer e, por isso, também não será dos primeiros países a receber os portáteis”, explica Alberto Ruano, indicando que a procura mundial “é enorme” e “a indústria está muito pressionada”. Com o atraso português a fazer o pedido e as entregas a demorarem “dois a três meses” após a encomenda, Ruano admite que os terminais que competem à Lenovo ainda do primeira fase do concurso que prevê a entrega de 100 mil portáteis (de várias marcas) “já só vão chegar no início de 2021.”
A Meo, responsável pelo primeiro concurso de 100 mil terminais, já admitiu atrasos também por outro motivo, tal como o Dinheiro Vivo noticiou na segunda-feira. O problema que dificulta qualquer tipo de entrega já em novembro dos pacotes com portátil e ligação à internet diz respeito ao facto da operadora não ter obtido ainda da Anacom os números da gama móvel que permitem dar internet aos terminais.
As outras operadoras NOS e à Vodafone asseguram a segunda fase do concurso, com os restantes 70% de equipamentos com conexão móvel – 300 mil -, num concurso que ainda está a decorrer.
Ecrãs o novo petróleo?
A empresa chinesa que adquiriu a área de computadores da IBM em 2004 está a apostar cada vez mais em aparelhos inteligentes para a casa, incluindo lâmpadas e colunas inteligentes. Durante a pandemia a Lenovo também viu a procura por televisões aumentar. “A procura por mais ecrãs, mesmo de televisões, coloca problemas nas fábricas que produzem os portáteis, porque são os ecrãs que começam a escassear”, admite Ruano.
Sobre a Black Friday, o responsável da Lenovo ibérica disse apenas que este será um ano diferente dos outros, “porque a elevada procura já existe antes”. Daí a previsão de que o crescimento em vendas de portáteis (e televisores) continue até março de 2021.
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