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A Letra, marca de cerveja artesanal minhota, prepara-se para expandir a sua rede de cervejarias. A Letraria, assim se designam os espaços onde a rainha da festa é a bebida de malte e lúpulo produzida em Vila Verde, vai estrear-se em Guimarães, duplicar a presença no Porto e chegar a Lisboa. O plano de expansão é para concretizar até 2026. Atualmente, a insígnia de retalho da Letra tem cervejarias na Invicta, Braga (onde nasceu), Vila Verde – as três com gestão própria – e, em associação, Ponte de Lima. É o parceiro de negócio que explora a cervejaria na vila mais antiga do país que vai levar a Letraria para a cidade berço de Portugal. Filipe Macieira e Francisco Pereira, os fundadores da Letra, estão agora à procura do sócio certo para abrir na capital.
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Chegar a Lisboa é uma ambição da marca que os dois bioengenheiros fundaram há 10 anos. Mas há dificuldades. Como adianta Francisco Pereira, “encontrar o espaço e a pessoa certa não está a ser fácil”. Aliás, diz, na capital “tudo é difícil”, a começar pelos preços das rendas dos espaços comerciais. A Letra também não quer um parceiro qualquer, até porque a expansão das cervejarias não segue o princípio do franchising. “Esse conceito é muito frio, é tudo padronizado”, explica. E exemplifica: a Letraria de Braga integra as cervejas Letra num ambiente de biblioteca (outras letras); a de Ponte de Lima dá relevo ao vinil; a do Porto tem um amplo jardim, dando o mote à natureza; e, por fim, a de Vila Verde, junto à unidade produtiva da empresa, explora o conceito de fábrica e produto. Os fundadores querem também um parceiro local e assegurar a sua ligação ao espaço.
O plano de crescimento é mais vasto e agora mais simples. No ano passado, a Letra abriu o capital social à private equity C2 Capital Partners, que detém participações noutras empresas do setor agroalimentar, e ganhou músculo para garantir a expansão. Com a entrada da C2, que comprou 30% da empresa, a marca de cerveja artesanal assegurou “um acelerador para outros voos, mas mantendo o ADN minhoto”, diz Francisco Pereira. Certo é que os projetos de fortalecimento da rede de cervejarias já dão a perceber aos fundadores que em pouco tempo terão de pensar numa nova unidade fabril. Segundo Francisco Pereira, a capacidade de produção da fábrica de Vila Verde ronda o meio milhão de litros por ano e 80% já está tomada. “Rapidamente vamos ter de mudar de local”, afirma.
O plano de negócios não deixa margens para dúvidas. A somar aos litros de cerveja que serão vendidos nas três futuras cervejarias, há a aposta no crescimento das vendas nos mercados externos. O objetivo é garantir 20% no exterior. Este ano, a Letra prevê atingir os 12% com a exportação para geografias como França, Espanha, Suíça e Alemanha. Será uma duplicação face a 2022, exercício em que a empresa esteve ainda a recuperar da quebra do negócio devido à pandemia. Como adianta o responsável, a estratégia de internacionalização iniciou-se em 2018 e no ano seguinte já valia 10%. A covid veio travar o percurso. Com todos estes projetos, a Letra admite que também terá de reforçar a equipa, atualmente composta por 30 pessoas.
Nestes dez anos, a Letra já investiu perto de três milhões de euros. A marca de cerveja artesanal minhota distingue-se pelas letras – cada estilo de cerveja tem uma letra (começa no A e atualmente vai até ao G, e como dizem os fundadores, cada um escolhe a sua letra!) -, e pela criação de edições especiais em lata e de cervejas envelhecidas em barrica. Mas a Letra “não quer só fazer experiências, quer crescer no mercado” e sensibilizar os consumidores para a harmonização das suas cervejas com diferentes sabores e tendências gastronómicas. Este ano, o objetivo é atingir uma faturação da ordem dos dois milhões de euros. Em 2022, o volume de negócios chegou aos 1,3 milhões, com as Letraria a valerem 55% e a distribuição pelos mais de 400 pontos de venda espalhados pelo país a pesar 45%.
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