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O Santander Totta lucrou 568,5 milhões de euros em 2022, que comparam com os 298,2 milhões registados no ano anterior e representam uma subida de 90,6%, informou esta quinta-feira o banco num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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Este valor incorpora o encargo extraordinário no valor de 164,5 milhões de euros (líquidos de impostos), registado no primeiro trimestre de 2021, para fazer face ao plano de transformação do banco, que implica a otimização da rede de agências e investimentos em processos e tecnologia.
“São resultados muito bons, um motivo de grande orgulho e o reflexo de continuarmos a aprofundar diariamente a relação com os nossos clientes. Estes números permitem-nos olhar para o futuro incerto com alguma estabilidade”, destacou o CEO do banco português, Pedro Castro e Almeida, durante a conferência de imprensa que decorreu esta quinta-feira, em Lisboa.
Para os ganhos robustos da instituição bancária, contribuiu a redução dos custos operacionais, que no aglomerado do ano se situaram em 486 milhões de euros, uma quebra de 8,1% comparativamente com 2021, fruto do decréscimo em 6,6% dos custos com pessoal e em 10% dos gastos gerais e administrativos. A depreciação reduziu-se em 8,1%.
Ainda neste sentido, também a rede de agências do Santander em Portugal se encolheu, durante o período em questão, em 9 sucursais, para 348 balcões, e o quadro de colaboradores em 161 pessoas, para 4644 profissionais.
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Estes não terão sido os únicos fatores a influenciar os proveitos do banco. O avanço de 90,6% face ao ano transato terá sido igualmente alavancado pelas comissões, que renderam 470,3 milhões de euros, mais 10,2% relativamente ao período homólogo.
Por seu turno, os recursos de clientes alcançaram 45,8 mil milhões de euros, uma ligeira quebra de 2,4%, em resultado de “uma estabilização dos depósitos de clientes (+0,2% em termos homólogos) e de uma redução dos recursos fora de balanço, em 14,3%, no mesmo período, largamente associado ao contexto adverso nos mercados financeiros”, explica a instituição financeira.
Simultaneamente, o total de créditos do banco a clientes diminuiu 0,3% face a 2021, para 43,3 mil milhões de euros, tendo a carteira de crédito à habitação crescido 5,5% para 23,1 mil milhões, e a de consumo 2,8% para 1,8 mil milhões de euros. Em 2022, o Santander Totta originou cerca de 3,2 mil milhões de euros em hipotecas, com uma quota de mercado média de 23%. Já no que às empresas diz respeito, os empréstimos ascenderam a 15,4 mil milhões de euros, uma descida de 3,8% face a 2021.
Quanto à qualidade da carteira de crédito, a imparidade líquida de ativos financeiros ao custo amortizado ascendeu a 12 milhões de euros, uma melhoria face aos -73,5 milhões homólogos. O dinamismo da economia portuguesa e a situação de pleno emprego contribuíram para que “não se observasse um impacto percetível sobre a qualidade da carteira de crédito”.
Relativamente às exposições não produtivas – non-performing exposure (NPE) em inglês -, que dizem respeito ao crédito malparado, o rácio situou-se nos 2%, refletindo uma diminuição de 0,3% quando lado a lado com o ano anterior.
Contudo, os resultados obtidos pelo Santander nos demais indicadores não reproduziram um efeito trampolim no produto bancário – correspondente à soma de receitas provenientes de comissões, juros, operações interbancárias e outras despesas. Neste parâmetro, o banco do grupo espanhol atingiu 1,2 mil milhões de euros, menos 2% em relação a 2021.
Já a margem financeira, isto é, o rácio entre os juros cobrados pelos créditos concedidos e os juros pagos aos aforradores pelos montantes que estes confiam aos bancos, subiu 7,3% para 782,9 milhões de euros, à boleia da subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE).
Questionado pelos jornalistas sobre a distribuição de dividendos, Manuel Preto, diretor financeiro da instituição, disse que o banco realizará uma assembleia geral em maio, na qual será feita a proposta. Contudo, vincou, perante o nível de capitalização “extremamente elevado”, não faz sentido continuar com “excesso de capital”.
Globalmente, o grupo espanhol dono do Santander Portugal, que tem presença na Europa e nas Américas, registou um resultado líquido histórico de 9605 milhões de euros em 2022, mais 18% face à performance do ano anterior.
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