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O Millennium BCP fechou os primeiros seis meses de 2023 com lucros consolidados de 423,2 milhões de euros, que comparam com os 62,2 milhões registados no igual período do ano passado. Trata-se de um crescimento de 580%, para o qual a atividade em Portugal contribuiu com 353,7 milhões – mais 118% do que na primeira metade de 2022.
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A informação financeira referente ao primeiro semestre foi comunicada esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e apresentada pelo presidente executivo, Miguel Maya, em conferência de imprensa.
Apesar do desempenho favorável do mercado nacional, a operação na Polónia – com o Bank Millennium, detido em 50% pelo BCP – continua a pesar nas contas, com os encargos associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços a atingirem os 399,1 milhões de euros, dos quais provisões de 331,63 milhões decorrentes da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia.
Não obstante, destacou o CEO, “o ano está a correr muito bem” e contrabalançaram os ganhos extraordinários de 127 milhões de euros, registados no trimestre anterior, relacionados com a venda de 80% da participação na Millennium Financial Services. A atividade internacional – Polónia e Moçambique – assistiu, no total, com 69,5 milhões de euros.
O banco destaca que a evolução no resultado líquido contribuiu para que a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) do grupo aumentasse significativamente: de 2,4% nos primeiros seis meses do ano passado, passou a 16,8% até junho de 2023.
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Margem financeira dispara 64,3% em Portugal
O incremento dos números na primeira metade do ano fez-se sobretudo pelo lado da margem financeira (diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos nos depósitos), com o indicador a subir 39,5%, para 1374,4 milhões de euros.
Em Portugal, especificamente, a rubrica disparou 64,3%, para 707,5 milhões – uma diferença de 277 milhões face ao semestre homólogo. Na atividade internacional, o aumento foi de 20,2%, para 666,8 milhões de euros. Em termos consolidados, a taxa de margem financeira fixou-se nos 3,34%.
Em causa está um crescimento “muito expressivo” que reflete “o maior rendimento gerado pela carteira de crédito a clientes, decorrente dos aumentos registados nas taxas de juro, parcialmente compensado pelo aumento da remuneração da carteira de depósitos”, pode ler-se no comunicado.
Já as comissões líquidas renderam ao Millennium BCP 387 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, decrescendo 0,1% em relação ao montante registado no igual período de 2022. O crescimento em Portugal – de 1,1%, para 277,2 milhões – absorveu a quebra observada na Polónia e em Moçambique.
Carteira de crédito e depósitos encolhem em Portugal
Apesar de os recursos totais de clientes do grupo terem crescido 1,52% para 92,4 mil milhões de euros no final do primeiro semestre, os depósitos de clientes em Portugal encolheram cerca de 1,4% para 66,04 mil milhões.
Já ao nível internacional, registou-se um aumento de 9,6% nos recursos totais de clientes. Os 26,40 mil milhões de euros garantidos pela Polónia e Moçambique compensaram a queda no mercado nacional.
Em relação à carteira de crédito consolidada, também esta sofreu um decréscimo de 1,3%, totalizando os 57,91 mil milhões de euros, sobretudo devido à redução verificada no mercado interno: o montante total de empréstimos a clientes diminuiu 1,7%, para 39,88 milhões de euros, fruto de um abrandamento no segmento empresarial.
Pagamento de dividendos em 2024 está claríssimo
“É normal pagar dividendos. É expectável que o banco pague dividendos. Essa é claramente a nossa intenção em 2024 relativamente ao exercício de 2023”, afirmou Miguel Maya, durante a conferência de imprensa.
O CEO salientou que os acionistas do Millennium BCP fizeram “um esforço grande” para suportar o banco nos últimos anos, sabendo que uma maior robustez naqueles períodos de incerteza “era positiva para a afirmação e desenvolvimento do banco”.
A proposta de não distribuição de dividendos, salientou o gestor, “foi aprovada com um vastíssimo apoio por parte de todos os acionistas”. Mas, em 2024, a situação mudará, já que no plano estratégico do banco, “o tema pagamento de dividendos está claríssimo”, rematou.
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