Com mais pessoas em casa neste período de pandemia, os canais digitais têm sido uma forma de continuar em contacto para muitas áreas de atividade. É impossível não reparar no crescimento do Instagram, onde se multiplicam diretos – desde concertos até aulas de dança ou culinária, até treinos de exercício físico que juntam milhares à volta do telefone.
Para alguns, trata-se de uma novidade e de uma forma de estar em contacto com clientes ou até de dar a conhecer o trabalho. Mas, para quem já usa estas plataformas para trabalhar, como os influenciadores digitais, a pandemia não está apenas a trazer mais “concorrentes” para dividir a atenção dos utilizadores, está também a trazer flexibilidade de orçamento.
Um estudo internacional feito pela plataforma Fohr, de marketing de influência, revela que, embora quase 80% dos influencers ouvidos tenham relatado um aumento do engagement (envolvimento entre os utilizadores e as publicações), as marcas estão a fazer reduções drásticas na aposta neste tipo de conteúdos patrocinados, acautelando-se perante a possibilidade de recessão global. “Mais de 40% dos influencers estão a reduzir as tarifas habituais, com uma redução de 30% [nos preços]”, diz a Fohr, acrescentando que 20% dos 500 influencers ouvidos tiveram a totalidade das campanhas em pausa ou adiadas.
Alexandre Antunes, diretor de comunicação digital da agência Guess What, explica uma realidade ligeiramente diferente no mercado português, em que algumas marcas têm reforçado “a comunicação com uma maior periodicidade de menções e publicações”. “Muitos influencers têm mantido os seus valores habituais, temos sentido sim, que existe uma disponibilidade e uma flexibilidade maior para uma negociação/redução, se a natureza da proposta é ou não de cariz social, ou até mesmo se vai ao encontro de alguma necessidade pessoal dadas as restrições que existem associadas ao isolamento social”, avança Alexandre Antunes.
A Guess What nota que, com o isolamento a aumentar o tempo passado nas redes sociais, este reforço de interação – através de lives, por exemplo – poderá ser uma oportunidade ou reforço de posicionamento. “Ainda é cedo para fazer uma análise, mas arriscaria dizer que, mesmo que tenha reduzido para alguns, abriu portas a muitos outros.”
Sofia Nunes é um dos exemplos de quem está a aproveitar o Instagram durante a pandemia. Com o cabeleireiro Salão 93 encerrado desde meados de março, devido ao estado de emergência, apalpa terreno no Instagram, com vídeos e pequenos tutoriais, a explorar um novo posicionamento de marketing das redes sociais. “Nunca tinha feito porque o volume de trabalho era muito grande e com esta situação tive mais tempo e consegui focar-me um bocadinho mais.”
Além de mostrar quem é, explica também que é “uma forma de conseguir falar com as clientes e manter a relação, mas sem ser tão abusivo como uma mensagem, por exemplo”. Por outro lado, destaca que, tendo em conta o “feedback positivo”, também “pode ser uma forma de ganhar clientes” para quando puder reabrir portas.
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