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Mais de 80% das empresas em Portugal não cumpre os prazos de pagamento acordados com nos fornecedores.. Segundo a Informa D&B, que recorre ao indicador paydex para avaliar o número médio de dias de atraso de pagamento, cerca de dois terços das empresas pagam com um atraso até 30 dias e 7% registam atrasos superiores a 90 dias.
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Em comunicado, a Informa D&B dá conta que, durante a pandemia, e em especial no primeiro ano, “os mesmos constrangimentos que provocaram diferenças setoriais significativas no desempenho das empresas agravaram também o comportamento de pagamentos”. Assim, o setor do alojamento e restauração chegou a ter um agravamento superior a a 7 dias face ao registado em fevereiro de 2020, baixando depois em 2021. Atualmente está nos 32,8 dias (+3 dias).
Alerta a Informa D&B que a guerra na Ucrânia e o consequente disparar dos preços da energia poderão “acentuar a gravidade” do fenómeno dos atrasos nos pagamentos, dado que “é expectável [que haja] um significativo aumento de custos de operação para muitas empresas”.
Os dados mostram ainda que, entre as grandes empresas, só 2,4% cumprem os prazos acordados, “com a esmagadora maioria a pagar com atraso até 30 dias”, e que são as microempresas que registam “maior percentagem de cumpridoras”. Mas é também entre as microempresas que se encontra “a maior percentagem de atrasos superiores a 90 dias”, bem como “a média mais elevada de dias de atraso”.
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“Por se tratarem de estruturas mais pequenas e em muitos casos mais frágeis, as microempresas estão mais vulneráveis às consequências dos atrasos nos pagamentos. Foram estas empresas de menor dimensão que mais aumentaram a média de dias de atraso nos últimos 2 anos, passando de 23,2 dias em dezembro de 2019 para 25,3 dias de atraso em dezembro de 2021”, pode ler-se no comunicado.
Por fim, a Informa D&B compara o comportamento em Portugal com os seus congéneres europeus, e não só, e alerta que Portugal tem “um dos piores registos” e que, a diferença entre Portugal e os outros países europeus nesta matéria se agravou na última década. “Enquanto na maioria dos outros países da UE mais empresas se tornavam cumpridoras, em Portugal esse número nunca mostrou uma tendência duradoura de crescimento, apesar da Diretiva Europeia de Pagamentos, transposta para Portugal em 2013”, refere o comunicado.
O estudo “Payment Study 2021” elaborado com dados de 2020 pela CRIBIS D&B, e no qual a Informa D&B participa com informação das empresas portuguesas, mostra que Portugal está em terceiro lugar no top 5 dos países com maior percentagem de empresas incumpridoras. O ranking dos piores pagadores é liderado pela Roménia e por Israel, com 13,1% e 16,2%, respetivamente, de empresas cumpridoras. A tabela inclui, ainda, a Bulgárua e a Grécia, com 19% e 23,3%, respetivamente, de empresas que pagam dentro dos prazos acordados. Do lado dos melhores pagadores estão a Dinamarca (88,6%), Polónia (76%), Países Baixos (75%), Rússia (73,7%) e Taiwan (72,5%).
“Os atrasos nos pagamentos são um sinal de debilidade e risco para todo o tecido empresarial. Nos momentos de maior incerteza como o que vivemos é ainda mais importante que as empresas tenham instrumentos que lhes permitam diminuir os riscos quando escolhem os seus parceiros comerciais”, refere, citada no comunicado, a diretora-geral da Informa D&B, Teresa Cardoso de Menezes.
A Informa D&B fez, ainda, uma análise ao risco de incumprimento e o nível de resiliência financeira das empresas portuguesas e concluiu que “53 mil empresas têm maior probabilidade de incorrer em atrasos significativos nos pagamentos durante os próximos meses, na sua maioria empresas de reduzida dimensão”. No seu conjunto, representam metade do valor total por pagar a fornecedores.
Ao cruzar o risco de incumprimento com o nível de resiliência financeira, o estudo conclui que 13% das empresas portuguesas “têm maior probabilidade de atrasar significativamente os seus pagamentos”.
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