Mais de metade das aberturas no retalho no ano passado foram de supermercados: 45 de um total de 73 lojas que abriram em 2019. Lisboa (22) e Porto (19) concentraram o maior número de aberturas, seguido de Leiria e Viseu (sete cada), Viana do Castelo (seis), Santarém e Faro (cinco cada), elevando para 3920 o número de lojas de retalho moderno no país, de acordo com os dados do Sales Index 2019, da Marktest Consulting. Ainda assim, um abrandamento face ao ritmo de aberturas de 2018, em que nasceram 167 novos supermercados.
O setor está a desacelerar? “Não registamos abrandamento ou sinal de saturação no mercado. Aliás, no início de 2020 registámos já mais de 20 aberturas em diversas zonas do país”, garante Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.
“O mercado português tem um enorme potencial até pelas suas características muito diversificadas, nomeadamente territoriais, e, por isso, temos assistido não só à entrada de novos players mas também ao enriquecimento da oferta já existente, quer no retalho alimentar quer no retalho especializado.” Os 163 associados da APED representam 11% do PIB nacional, empregam 130 mil colaboradores e, nos últimos quatro anos, criaram 25 mil empregos.
O boom fez-se sentir “especialmente a partir de 2016”, lembra Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca. Desde então, até final do ano passado, abriram mais de 300 supermercados. Motivos? “A própria dinâmica do retalho alimentar e a entrada de novos operadores nesse mesmo mercado.” Ou seja, a chegada da Mercadona que no ano passado abriu as primeiras dez lojas na região norte e, em 2020, promete abrir outras dez nos distritos do Porto, Aveiro e Viana do Castelo. A primeira é já a 24 de março, em Aveiro (nos terrenos do antigo matadouro municipal).
E não é a única cadeia a anunciar planos de expansão. Dez novos Pingo Doce é o número de supermercados que a Jerónimo Martins conta abrir neste ano. “O Pingo Doce vai ser uma empresa cada vez mais de restauração, cada vez tem mais restaurantes e até vai abrir o seu primeiro restaurante standalone, sozinho, nem está incorporado numa loja”, avançou Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins. Outro dos grandes operadores nacionais, a Sonae MC, prevê investir em 2019-2021 entre 260 e 280 milhões de euros na expansão da rede de lojas e abrir 50 a 60 Continente Bom Dia, bem como quatro a oito Continente Modelo.
“Continuaremos a assistir nos próximos anos a um razoável número de aberturas, mas observaremos, em simultâneo, a um considerável número de encerramentos, seja pela obsolescência de algumas lojas, seja pela sobreposição no terreno de algumas lojas de determinadas insígnias”, diz Pedro Pimentel.
“Este movimento poderá até sofrer alguma aceleração se, porventura, se verificar no curto/médio prazo algum movimento de consolidação no mercado da distribuição alimentar, possibilidade que não é de descartar.” Apesar do rácio de lojas por habitante ser inferior ao de países do norte e centro da Europa, “o país atravessa uma crise demográfica profunda”, alerta, pelo que a desaceleração de novas aberturas parece bastante natural”.
E nem o turismo vai dar impulso. Afinal, “não obstante o elevado número de turistas (27 milhões, mais 7,3% do que no ano passado), se considerada a duração das estadas, correspondem a não mais do que 2% da população residente. É menos significativo do que somos levados a pensar”.
Deixe um comentário