//Mama Shelter: inaugurar em Lisboa a piscar o olho ao Porto

Mama Shelter: inaugurar em Lisboa a piscar o olho ao Porto

“Não é um hotel, é um restaurante com quartos por cima “, diz-nos Cédric Gobillard, diretor da rede de hotéis Mama Shelter que recebeu o Dinheiro Vivo num dos quartos da unidade perto do Largo do Rato. O hotel abriu em Lisboa no início do ano no chamado soft opening mas as expectativas foram superadas e já investidores do grupo a olhar para locais no Porto. Mas já lá vamos. Há que explicar o que é, afinal, o conceito Mama Shelter. Logo à primeira vista saltam o design e localização e aposta no lifestyle.” É difícil definir lifestyle, no fundo não significa nada, cada um de nós tem o seu lifestyle, mas o conceito do Mama Shelter é partilha, gozo pela vida, divertimento, boas vibrações e uma comunidade que se rege por valores de respeito e de igualdade, no fundo é juntar pessoas que se reveem nestes valores e esse é o nosso target”, conta Cédric que, sem perder fôlego, remata: “E não é marketing, nós acreditamos verdadeiramente em criar uma comunidade que se rege por esses valores”.

O negócio Mama Shelter começou em 2008 quando a família Trigano – a criadora do Clube Med – decidiu inventar um conceito de hotelaria diferente do classicismo que a hotelaria vivia nos anos 2000.

O primeiro Mama Shelter abriu em 2008, em Paris, no 20º bairro da capital francesa, o mesmo onde está localizado um dos mais famosos cemitérios do mundo: Père La Chaise onde estão sepultados Jim Morrison ou Óscar Wilde, entre outros. As aberturas seguintes foram em Bordéus e a seguir Lyon. Mais tarde tentaram a sorte em Los Angeles, nos EUA. Foi nessa altura que o grupo hoteleiro, conta ao Dinheiro Vivo o diretor da rede, começou a procurar parceiros fortes para se dar o crescimento da rede, “mas que respeitasse e não adulterasse o conceito e filosofia Mama Shelter”.

E em 2014 o grupo hoteleiro Accord [que detém marcas como o Mercure, Novotel, e Ibis, entre outros] tornou-se acionista maioritário do negócio. Contudo, a família Trigano manteve-se, e mantém-se, ligada ao negócio, como consultor de marketing e comunicação. A relação é ainda muito próxima – há um contrato de consultoria assinado por quatro anos – e, na inauguração do “restaurante com quartos por cima” de Lisboa, os cofundadores Serge e Jérémie Trigano marcaram presença.”A transição tem sido muito leve e isso tem sido um do fator de sucesso e que garante que a Mama Shelter mantenha a mesma filosofia desde a sua criação”, explica sublinha Cédric Gobillard.

O negócio parece estar a correr bem uma vez que o grupo Accord criou mesmo uma divisão de lifestyle para proteger a marca criada pelos Triganos” e ainda criou mais conceitos de lifestyle com hotéis como os 25 hours, Hyde, Mondrian, SLS e Jo&Joe.
“O grupo Accord criou uma plataforma com 14 marcas de lifestyle, incluindo o Mama Shelter, numa empresa completamente diferente do grupo. A pergunta seguinte é óbvia: há canibalização dessas marcas? “Não, de todo”, diz Cédric, que acrescenta: “As localizações são diferentes e há lifestyle de luxo, como o Mondrian, que está localizado nos EUA ou, por exemplo, o 25Hours, que está direcionado para o público na Alemanha, o posicionamento das marcas é muito definido”.

Negócio “local”

O modelo de negócio do Mama Shelter é relativamente simples. Há uma checklist que não pode falhar para se começar a pensar na abertura de uma unidade Mama Shelter: o espaço do restaurante tem de ser grande – é do F&B (Food & Beverage) que vem grande parte do lucro do negócio – com um mínimo de cem quatros e um rooftop. “É assim que procuramos os nossos locais em várias cidades. Há investidores que vêm ter connosco com determinadas localizações, nós avaliamos de acordo com os pressupostos e se tudo correr bem há investimento e a gestão de tudo passa para nós, que cobramos uma taxa por isso. É a base do nosso negócio”, explica o diretor. E não, não há números de investimento, “essa informação fica com o investidor”.