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A Marita Moreno, marca portuguesa de calçado e acessórios de moda sustentáveis, tem uma nova concept store, na Rua do Bonjardim, em plena Baixa do Porto. Um espaço no qual é possível encontrar ainda vestuário, joalharia de autor, acessórios de moda, ilustrações, fotografia, esculturas e cerâmica, distribuídos por 22 marcas, criadores e artistas, quase todos nacionais. Só três são espanhóis e escolhidos pelo seu cunho sustentável, algo de que Marita Setas Ferro, a criadora da Marita Moreno, não abdica.
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Este é o segundo espaço físico da marca de slow fashion, que abriu uma primeira concept store na galeria comercial do Museu da Moda e do Têxtil, no World of Wine, em Vila Nova de Gaia, mas que não teve o resultado esperado e foi encerrado. A abertura na Baixa do Porto era um objetivo de há muito, mas só agora a artesã, designer e escultora, com mais de 30 anos dedicados à moda, encontrou o local certo, no Village by Boa Hotel, que inclui um espaço de galeria onde organiza exposições e workshops. O compromisso é de ficar até ao fim de setembro e, se tudo correr bem, então sim a loja tornar-se-á definitiva.
Fundada em 2008, a marca Marita Moreno teve sempre por base valores como a ética e a transparência na produção, bem como a responsabilidade social. Tem uma linha vegan, devidamente certificada pela PETA, a People for the Ethical Treatment of Animals, além dos produtos de upcycling, em que usa apenas restos de materiais para construir a coleção, da linha artesanal, com lã e burel, ou do bioleather, os couros tratados sem metais pesados. A cortiça, material intrinsecamente sustentável, a madeira ou as solas produzidas a partir de borracha reciclada e borras de café são outros dos materiais que utiliza.
Sendo esta uma microempresa, que conta com apenas quatro funcionários, foi duramente afetada pela pandemia, numa altura em que a presença em feiras no exterior tinha assegurado já uma série de novos clientes e em que estava a apostar crescentemente no mercado americano. “Foram anos muito complicados, mas com a guerra, em 2022, foi ainda pior devido ao aumento constante dos preços dos materiais. Foi muito difícil de gerir, porque se aumentávamos muito [os produtos] perdíamos o cliente, se não subíamos o suficiente perdíamos dinheiro”, admite a empresária.
Para este ano, a aposta vai centrar-se sobretudo na Europa, em especial nos mercados alemão e austríaco, com o regresso às feiras na Alemanha, que se têm revelado um investimento seguro. “Com a guerra, os EUA entraram em recessão e não são uma aposta viável. A Europa, embora em recessão, tem uma Agenda Verde que torna o mercado e os consumidores muito mais abertos ao que fazemos”, diz Marita Setas Ferro.
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A designer pretende apostar também no Médio Oriente, e em especial na Arábia Saudita, “um mercado que está a mudar e que, crescentemente, tem dado importância aos temas da sustentabilidade”.
O negócio está ainda abaixo dos valores de 2019 e, embora as previsões para 2023 apontem para um faturação de 162 mil euros, já ligeiramente acima do pré-covid, Marita Moreno reconhece que “tudo está muito incerto”, o que não ajuda às previsões, sobretudo atendendo a que “a moda não é um bem de primeira necessidade”.
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