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O presidente executivo do BCP considera que as moratórias para o setor do turismo devem ser prolongadas enquanto a pandemia não estiver controlada. Miguel Maya – que participou num webinar da Confederação do Turismo de Portugal através de uma mensagem gravada – considerou que “compete à banca apoiar os clientes a suportarem o momento atual para que o tecido empresarial possa superar esta fase de ausência de procura”.
Há vários instrumentos que foram disponibilizados, mas o líder do BCP considera que as moratórias são “um instrumento essencial”. “Exigir o pagamento de créditos, numa altura em que as empresas não têm receitas em resultado de uma falha de mercado, é algo que não faz sentido”, afirmou. Notando que têm surgido “ruídos” no mercado sobre os riscos que as moratórias envolvem, Miguel Maya defende que o “verdadeiro risco” é retirar “os apoios ao setor, entre os quais as moratórias, antes de estar superada a falha de mercado”.
“O BCP continuará a ser um defensor da prorrogação das moratórias para o setor do turismo enquanto a situação da pandemia não estiver controlada. Não só para as empresas, mas também para os trabalhadores do setor. Há que tratar de forma diferente o que não é igual. Há que procurar preservar de forma intransigente as capacidades do setor até para garantir que, resolvida a crise sanitária, a retoma se faça a passo acelerado”, defendeu ainda o CEO do banco.
Até 2019, o peso do turismo na economia era elevado. Para se ter uma ideia, em 2019, o ano pré-pandémico, o peso do turismo direto, indireto e induzido foi na ordem dos 16,5% do PIB, 18,6% do emprego e 23,5% nas exportações. Miguel Maya recordou que tem existido comentários sobre o peso do turismo na economia. E “a forma como tal é referido, faz parecer que o setor do turismo é, em si, um problema. Fico estupefacto com a irracionalidade da discussão”. “Também não pareceria mal concluírmos que se tivéssemos mais setores com a dinâmica do turismo, o suposto problema deixaria de existir. Saibamos preservar neste momento difícil um setor de excelência que temos em Portugal”, aponta.
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Tendo em conta o peso que este setor tem para a economia, e que a quebra verificada deve-se a motivos alheios ao País, o CEO do BCP não tem dúvidas de que “os apoios do Estado devem ser criteriosos mas tão generosos quanto possível”. E que “o turismo tem de poder contar com linhas de apoio covid, apoios ao emprego, linhas de suporte à inovação produtiva e qualificação da oferta em e mecanismos de transformação de apoios públicos em capital”.
Poupanças das famílias
Para o BCP, o “forte crescimento das poupanças” das famílias, vai ser canalizado pelo menos em parte para o turismo de lazer, uma vez que, depois de tantos meses de restrições, assim que as condições sanitárias permitirem, as famílias vão querer enveredar por atividades de lazer. “Ao longo de 2020, assistiu-se a um forte crescimento das poupanças das famílias. Os depósitos de particulares aumentaram de forma significativa. No entanto, esse crescimento não se traduziu num aumento da rendibilidade da banca. Antes pelo contrário”, defende. Por isso, “a par de uma abundante liquidez, os bancos têm todos os incentivos para conceder crédito à economia”.
Miguel Maya, na sua intervenção, defendeu também que a “poupança das famílias será um acelerador da retoma do turismo, pois não só as pessoas estão desejosas de ganhar ambiente, liberdade de movimentação, como uma parte da população dispõe de recursos reforçados para poderem fazer esse investimento no lazer e descanso”.
Notando que a taxa de desemprego atualmente está longe do registado na anterior crise, o líder do BCP deixou uma nota ainda positiva para a recuperação. “Quero salientar que a retoma do turismo, estabilizada a crise sanitária e havendo confiança nos operadores turísticos e nas infraestruturas do País, poderá ser muito mais rápida que a maioria dos analistas perspetiva. Portugal tem todas as condições para beneficiar das transformações decorrentes da alteração de hábitos de lazer se souber comunicar bem, permitindo confiança”.
(notícia atualizada às 12h44)
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