//“Medidas (de apoio aos media) foram anunciadas, não chegaram”

“Medidas (de apoio aos media) foram anunciadas, não chegaram”

As medidas de apoio aos media anunciadas pelo Governo em abril ainda não chegaram às empresas, nem os media sabem ainda quais os critérios de repartição do montante de 15 milhões de euros de publicidade institucional que o Estado vai comprar para mitigar os efeitos da pandemia, referiu Afonso Camões, administrador do Global Media Group, à saída do encontro com o Presidente da República no âmbito das reuniões que Marcelo Rebelo de Sousa tem vindo a promover com os grupos de media nacionais. “E tememos que os critérios de repartição ignorem o facto de uma parte dos portugueses depender ainda de informação em papel”, disse.

“Perguntamos ao Governo quando chegam as medidas de apoio anunciadas há várias semanas. Não chegaram ainda. Não só não chegaram como sabemos como essas medidas (se vão aplicar). As medidas foram anunciadas, não chegaram, não conhecemos sequer os critérios de repartição”, disse Afonso Camões, administrador do grupo dono do Dinheiro Vivo, Jornal de Notícias, Diário de Notícias ou TSF. “E tememos que os critérios de repartição ignorem o facto de uma parte dos portugueses depender ainda de informação em papel.”

“Somos porventura o único grupo de comunicação social sem dívida e não evitamos essa responsabilidade: sim, temos graves dificuldades de tesouraria”, admitia ainda. “Houve quebras de venda de jornais e revistas porque a publicidade deixou de chegar”. “Temos dificuldades, mas estamos a preparar-nos e estamos preparados para renascer com mais força depois disto”, assegura Afonso Camões. O lay-off em que se encontram os trabalhadores do grupo será “avaliado mês a mês”, referiu ainda à saída da audiência com o PR.

Desde segunda-feira que Marcelo Rebelo de Sousa tem vindo a reunir com os grupos de media nacionais – ontem foi a vez das televisões públicas e privadas, da Lusa, bem como o grupo Renascença, estando esta terça-feira previstos encontros com grupos de imprensa – para avaliar o impacto da pandemia do Covid-19 no sector.

Com a paralisação da economia, apesar dos picos de audiência no digital e nas televisões, o sector sofreu uma quebra abrupta de receitas publicitárias entre 50 a 60%, a sua principal fonte de receita, situação a que, no caso da imprensa, se juntou o fecho em cerca de 50% da rede de quiosques levando a quebras de vendas de jornais em banca.

Diversas associações representativas do sector pediram apoios específicos para mitigar o efeito da pandemia, tendo em meados de abril o Ministério da Cultura anunciado a compra antecipada de 15 milhões de euros de publicidade institucional aos media, num momento em que já se antecipava a reabertura faseada da economia.

Na altura Graça Fonseca referia que a intenção era já em abril fazer chegar esse investimento do Estado aos grupos de comunicação – sendo que 25% dos 15 milhões de euros serão encaminhados para a imprensa local e regional. “Espero que durante o mês de abril seja possível já concretizar esta compra antecipada de espaço publicitário”, disse.

“Não há uma candidatura, estamos a fazer uma adjudicação de espaço institucional”, frisa Graça Fonseca, esclarecendo que “a Lusa e a RTP não estão incluídas nesta compra antecipada”.

O decreto-lei que autoriza a compra de publicidade institucional foi publicado a 30 de abril, não sendo claro para os grupos quais os critérios de repartição desse montante.

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