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Metaverso. É um dos temas “quentes” dos últimos tempos. Mas na verdade – e de acordo com Tharso Vieira, head of Innovation da Capgemini, em conversa com o Dinheiro Vico -, trata-se de alguma coisa ainda muito incipiente. E a prova, revela, é que cada “especialista” tem uma opinião diferente do que é o metaverso. Isto porque mexe com várias tecnologias, desde logo, realidade virtual e realidade aumentada. “Ainda não temos conhecimento consolidado”, reconhece.
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Mas, mesmo assim, já se consegue começar a perceber (um pouco) o seu potencial. Segundo Tharso Vieira, as marcas, neste momento, estão a experimentar casos de uso. Mesmo porque “a tecnologia não está 100% pronta”. Um exemplo? Os interfaces 3D ainda são processados na própria máquina. Ainda não é possível fazê-lo na nuvem. A prova é que os avatares ainda são muito rústicos. E quando se reúnem muitas pessoas a situação piora, com o desempenho do sistema a cair a pique. “Hoje, se tenho um sistema que me permite ligar 50 pessoas já é muito”, aponta o especialista da Capgemini.
Por outras palavras, ainda não é possível a uma marca ter uma loja, plenamente operacional, a funcionar no metaverso, mas pode utilizá-lo como teste, eventualmente para perceber a aceitação de uma determinada coleção, por exemplo.
Neste momento, o grande problema reside na falta de “massa crítica”. Como constata Tharso Vieira, hoje podemos aceder ao metaverso em equipamentos como o telemóvel. No entanto, “para termos uma experiência de facto imersiva é preciso ter um headset” (diga-se os óculos de realidade virtual).
O mundo dos jogos é uma exceção à regra. Nesse mundo há todos os elementos que se espera do metaverso: uma comunicação síncrona, interface imersivo, economia que ocorre no espaço, aplicações muito relevantes… a questão agora é transferir todas essas tecnologias, toda essa aprendizagem para áreas como educação, saúde, retalho… até mesmo outro tipo lazer além dos videojogos.
O grande desafio do metaverso (e para as empresas que estão a trabalhar na matéria) é o de “criar e desenvolver casos de estudo que sejam relevantes para as pessoas”. Neste momento, a capacidade tecnológica impede utilizações para além de grupos restritos. Nesses casos, onde é possível ter controlo, seja uma sala de aula, ou um uso empresarial, seja dar formação ou manutenção de máquinas, “é mais fácil de avançar”.
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O que falta para que o metaverso aconteça realmente? “Acho que estamos nas vésperas disso acontecer”, diz Tharso Vieira, que aponta que a questão não se prende apenas com a tecnologia. “Quando se fala de descentralização há também que contar com a regulação”. Aspeto a ter em conta principalmente quando se analisam geografias completamente distintas. Por exemplo, os Estados Unidos da América e a Europa. Sendo que não há consenso. Não só entre países, como “do nome metaverso”.
É certo que a tecnologia ainda não está pronta. No entanto, e segundo o especialista da Capgemini, já é boa o suficiente para algumas coisas. Já conseguimos perceber para onde evoluir. Aqui a questão é que “são muitas tecnologias a convergir”. Basta uma não estar completamente alinhada para atrasar todo o processo.
E Portugal? A visão de Tharso Vieira, que esteve presente na conferência “Building the Future”, é a de que há uma grande maturidade no mercado nacional. As conversas que o especialista teve com quem participou no evento revelam uma consciência da maturidade das plataformas e do que é possível fazer com as mesmas. “Não sei se o meu recorte está enviesado por estar num evento de tecnologia, mas vi um nível de maturidade muito bom”, aponta, revelando que “aqui as pessoas têm noção do que é viável e de por onde ir”.
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