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O Millennium BCP registou lucros consolidados de 207,5 milhões de euros em 2022, uma subida de 50,3% face aos 138,1 milhões registados no ano anterior, informou esta segunda-feira o banco num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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“Os últimos anos foram desafiantes, em particular para o BCP, mas conseguimos superar as adversidades e apresentamos hoje um banco preparado para o futuro, com um modelo de negócio robusto”, afirmou o CEO da instituição financeira, Miguel Maya, durante a conferência para apresentação dos resultados, que decorreu esta segunda-feira no Taguspark, em Oeiras.
O resultado líquido em Portugal ascendeu a 353,6 milhões de euros, traduzindo uma duplicação relativamente aos 172,8 milhões de euros alcançados no ano anterior. Por outro lado, o Bank Millennium, a subsidiária polaca do Banco Comercial Português (BCP), continuou a impactar negativamente as contas, como já tinha sucedido no ano anterior. Os números positivos possibilitaram ao banco melhorar a rentabilidade sobre o capital próprio (ROE) para 4%.
No ano passado, a margem financeira do banco aumentou 35,3% para 2,1 mil milhões de euros, tendo a atividade nacional contribuído com uma fatia de 951 milhões, à boleia do “impacto positivo decorrente da gestão da carteira de títulos, bem como da evolução favorável do negócio comercial”, pode ler-se.
O produto bancário melhorou 22,8% para 2,8 mil milhões de euros, que comparam com os 2,3 mil milhões de 2021, tendo este indicador beneficiado da subida das taxas de juro na zona euro, referiu o presidente executivo.
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Também as comissões ajudaram ao resultado, ao renderem 771,9 milhões de euros, uma subida de 6,1% relativamente ao ano anterior. Portugal encabeça a lista das contribuições, com 560,6 milhões de euros (+9%). Segundo o banco, o desempenho “reflete, em parte, a progressiva normalização da atividade económica, decorrente da evolução favorável da pandemia associada à covid-19”.
As contribuições obrigatórias do BCP para o setor bancário em Portugal foram de 62,2 milhões de euros – “um custo absolutamente despropositado”, defendeu Miguel Maya. Ainda do lado das despesas, os custos operacionais situaram-se nos 1,07 mil milhões, mais 3,8% do que em 2021.
Os recursos totais de clientes ascenderam a 92,8 mil milhões de euros no final de 2022, apresentando uma “evolução favorável” ao escalar 3,0% face aos 90 mil milhões obtidos no período homólogo. Este aumento, nota o banco, “foi possível graças ao desempenho da atividade em Portugal, que contribuiu com 68,2 mil milhões, mais 3% face aos resultados anteriores.
No que toca ao balanço, a carteira de crédito basicamente estagnou, fixando-se na casa dos 56,1 mil milhões de euros. Os depósitos, por seu turno, subiram 9,1% para 75,9 mil milhões. Já em relação aos ativos não produtivos, como o crédito malparado e os imóveis, registaram-se “reduções face a dezembro de 2021 de 535 milhões de euros em NPE, 265 milhões de euros em imóveis recebidos por recuperação e 376 milhões de euros em fundos de restruturação”.
“Há portugueses a passar dificuldades”
Miguel Maya revelou, durante a conferência de imprensa, que o banco está em processo de renegociação de crédito à habitação com quatro mil clientes e que contactou 250 mil consumidores neste sentido. “Há portugueses a passar dificuldades e têm necessidade de reestruturar”, apontou o banqueiro, ressalvando que os clientes só devem fazê-lo se for esse o caso.
Questionado sobre a medida do Governo que obriga todas as instituições financeiras do país que praticam crédito à habitação a oferecerem taxa fixa aos clientes, o CEO referiu que o BCP não precisa de medidas legislativas para ter no seu portefólio comercial essa opção e que, inclusive, 43% dos contratos celebrados nos últimos meses preveem, pelo menos, uma componente fixa.
Quanto às restantes medidas do pacote “Mais Habitação”, o gestor considerou bem-vindos os apoios para quem realmente precisa.
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