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A fábrica portuguesa da Mitsubishi Fuso começou este ano a produzir a segunda geração do camião 100% elétrico eCanter, cujo principal destino será o mercado europeu. Com a entrada deste veículo na linha de montagem, a unidade quer elevar a produção anual acima das 11 mil unidades já neste exercício. Segundo Arne Barnen, CEO da Fuso Truck Europe, a empresa assumiu o objetivo de fabricar “várias centenas” de camiões do novo modelo elétrico eCanter.
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No ano passado, quando a sucursal portuguesa da Fuso gerou um volume de negócios da ordem dos 270 milhões de euros, “produzimos cerca de 11 mil unidades, mas quero ultrapassar essa fasquia em 2023”, diz o gestor, sem revelar projeções concretas. A receção do mercado ao novo modelo “tem sido muito boa e a procura enorme”.
Esta segunda geração do eCanter está apenas a ser fabricada nas unidades fabris da Mitsubishi Fuso em Portugal e no Japão. A subsidiária do grupo Daimler Truck apostou no Tramagal, Abrantes, porque é “onde a Fuso tem as melhores instalações e o melhor know-how”, fruto da experiência de mais de cinco décadas no fabrico de camiões. Arne Barnen adianta que fatores como a localização geográfica, estabilidade, custos de energia e mão-de-obra pesaram também nesta opção.
A unidade portuguesa remonta aos anos 60, tendo iniciado a montagem de camiões Canter (os tradicionais) na década de 80. Desde essa altura já produziu cinco gerações de veículos Canter, num total de mais de 250 mil veículos. Entretanto, entrou numa nova era, sob o imperativo da sustentabilidade, e preparada para responder à demanda do mercado.
Como sublinha Arne Barnen, a “fábrica está preparada para aumentar o volume de produção a qualquer momento. Temos as pessoas, o know-how e a capacidade de produção”. O eCanter está a ter “uma excelente recetividade” e, no futuro, a fábrica do Tramagal pode vir a produzir apenas camiões elétricos, frisa Arne Barnen.
A produção do eCanter é uma das estratégias do grupo Daimler Truck para um planeta mais verde, com foco na descarbonização do setor de transportes. O primeiro camião elétrico da Fuso data já de 2017 e, desde aí, a fabricante tem investido “continuamente em métodos de transporte sustentáveis”.
A nova versão, ideal para atividades como a construção civil, jardinagem, cargas gerais e distribuição last mile, oferece duas opções de motores elétricos (110 kW ou 129 kW) e três de baterias, que utilizam a mais recente tecnologia de células de fosfato de ferro e lítio, descreve Arne Barnen. A autonomia é de até 200 quilómetros. O novo modelo é compatível com todas as principais tensões, sendo que suporta corrente alternada e corrente contínua até 104 kW.
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“É mais sustentável, económico e tem maior autonomia do que os nossos concorrentes”, resume. Segundo o responsável, grande parte do investimento da Mitsubishi Fuso é aplicado em “tecnologias de eletrificação e descarbonização”. O eCanter quer ser prova disso. Foi concebido como “transporte sustentável para o futuro” e com garantias do selo Made in Europe.
Produção “verde”
Em simultâneo com a aposta no desenvolvimento de veículos mais sustentáveis, a empresa ambiciona uma produção mais amiga do ambiente. A fábrica do Tramagal “já é neutra em termos de carbono – fomos uma das primeiras dentro da Daimler Truck -, e o nosso objetivo é tornarmo-nos numa instalação neutra para o clima a partir de 2040”, afirma Arne Barnen. Para atingir essa meta, está a diminuir gradualmente as emissões de CO2, a utilizar cada vez mais fontes de energia renováveis e a reduzir a utilização de água.
Segundo o gestor, “estamos comprometidos com o Acordo Climático de Paris e em moldar o futuro do transporte rodoviário de mercadorias com emissões neutras em CO2”. O investimento em novas tecnologias e o desenvolvimento de soluções como o eCanter “vão permitir que nos posicionemos nos lugares cimeiros desta mudança de paradigma”, acredita.
A produção da fábrica do Tramagal tem como principal destino a Europa, embora também exporte para Marrocos, África do Sul e Turquia. Os cinco maiores mercados são França, Itália, Alemanha, Marrocos e Espanha. Portugal surge na sexta posição, com uma quota de cerca de 15% da produção. A unidade emprega 550 pessoas.
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