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A Luxclusif é uma plataforma que permite a empresas revenderem produtos de moda de luxo. Fundada em 2012 pelos portugueses Guilherme Faria e Rui Rapazote, a solução foi comprada na semana passada pela tecnológica Farfetch e conta com um escritório no Porto, onde já estão cerca de 50 pessoas.
Malas, sapatos, ténis, cintos, relógios e carteiras de marcas como Chanel, Louis Vuitton, Gucci e Prada são alguns dos artigos disponíveis. Até completar o processo há três etapas: compra, autenticação e produção.
Os bens usados são comprados a profissionais (em leilões, casas de penhores ou lojas de antiguidades) e a clientes particulares que deixaram de utilizar os produtos. No caso dos particulares, “fazemos uma oferta e depois o consumidor decide se quer vender o artigo”, explica ao Dinheiro Vivo o co-fundador Rui Rapazote.
Segue-se a certificação, com verificação junto de particulares e profissionais. Nesta fase, entra em ação uma entidade independente para garantir a autenticidade dos produtos.
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Na parte da produção, cada artigo fica com um código único, “mesmo que sejam dez malas da mesma marca. Como há diferentes estados de conservação, os preços variam”. O valor de mercado é estabelecido graças a uma base de dados com oito anos e à ajuda de “mais de 50 parceiros comerciais em todo o mundo”.
A Farfetch não é uma empresa estranha para a Luxclusif. Em 2018, a marca de Rui Rapazote e Guilherme Faria entrou no programa tecnológico da tecnológica de José Neves. No ano seguinte, a Luxclusif criou a solução Second Life para a Farfetch: os clientes podem vender bens de luxo usados e depois ganhar vales de compra.
2021 termina com a passagem da Luxclusif para o horizonte da Farfetch. “Queremos crescer e temos objetivos ainda mais ambiciosos. Não vamos diluir e encontrar sinergias de pessoas, mas sim, acelerar o nosso crescimento”, acredita Rui Rapazote.
Aberto há pouco mais de um ano, o escritório do Porto será fundamental na nova fase da Luxclusif. As instalações em Portugal contam com cerca de 50 pessoas e ajudam a equipa de Manila, nas Filipinas.
Foi no continente asiático que nasceu a plataforma. “Eu e o Guilherme conhecemo-nos em Xangai (China), onde estávamos a trabalhar. Só contava viver nove meses na China e acabei por ficar lá sete anos.”
Os dois portugueses sempre tiveram interesse pelo comércio eletrónico. Graças à estadia prolongada na Ásia, aperceberam-se de que o mercado em segunda mão era bastante desenvolvido e que era possível determinar preços de forma mais adequada: “O valor percebido dos produtos de luxo no mercado asiático é significativamente mais baixo do que no mercado europeu e norte-americano”.
Guilherme e Rui começaram a explorar a oportunidade e bloquearam parte do inventário junto de parceiros japoneses. A seguir, revendiam as peças aos consumidores através de vendas repentinas. Como comerciantes, compravam os produtos no Japão e depois vendiam no ocidente, onde valiam muito mais dinheiro.
Dessa forma, os dois sócios conseguiram financiar o negócio através de capitais próprios – só precisaram de uma ronda de investimento em quase uma década.
Os empresários viraram-se então para a parte tecnológica e criaram uma solução para ligarem-se a diferentes plataformas. Depois de comerciantes, Guilherme e Rui passaram a ser facilitadores: “Os produtos em segunda mão deixaram de ter uma conotação desinteressante: as pessoas começam a perceber o valor do que têm em casa e as empresas viram-se cada vez mais para a economia circular. As empresas precisam de ajuda para rentabilizar e dar uma nova vida aos produtos.”
Nos próximos anos, a Luxclusif acredita que “vão coexistir produtos e empresas em segunda mão e as novas coleções”. Há ainda um projeto-piloto a decorrer para vender excessos de coleção em espaços de venda de produtos usados. “Não podemos criar a perceção de que estes produtos estão a ser descontados como produtos novos.”
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