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A Mome, marca da SGCH focada no desenvolvimento e gestão de projetos de habitação cooperativa, tem já a correr um novo projeto residencial a preço de custo no Porto. O Hera.coop implica um investimento de 32 milhões de euros, que se materializará na construção de 96 apartamentos, entre lofts, T2 e T3 na zona do Carvalhido. Francisco Rocha Antunes, presidente executivo da empresa e com uma experiência de mais de três décadas no setor imobiliário, prevê arrancar com a construção no segundo trimestre de 2024, tendo em conta que o processo de licenciamento está em fase avançada. Este é o segundo empreendimento de caráter cooperativo que a Move está a promover e o objetivo é reforçar rapidamente a oferta de habitação neste modelo. Nos próximos cinco anos, a marca quer construir 1500 casas no Grande Porto, um plano que tem um custo estimado de 700 milhões de euros.
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Segundo Francisco Rocha Antunes, a Mome é a entidade responsável pela montagem e gestão das cooperativas. “Sinalizamos o terreno, selecionamos a equipa de projetistas, negociamos a construção e o financiamento e, quando está tudo contratualizado, abrimos a subscrição da cooperativa”, descreve. Por cada projeto é constituída uma cooperativa. Como sublinha, “as pessoas juntam-se para construir uma casa de forma mais económica”. Cada cooperador entra com 200 euros para garantir a sua quota no capital social, sendo que a adesão é realizada por ordem de manifestação de interesse. Posteriormente, é assinado o contrato promessa de compra e venda e, nesta fase, o cooperador tem de entregar um sinal de 30%. Num prazo estimado de dois anos a casa está concluída e é realizada a escritura.
O projeto Pedras.coop, na orla marítima de Vila Nova de Gaia, foi a estreia da Mome no modelo cooperativo. É um empreendimento constituído por 13 moradias, de três e quatro casas, com terraço, orçado em 8,3 milhões de euros. Para quem considere que este produto habitacional não se insere dentro do espírito associativo, Rocha Antunes lembra que o modelo “funciona para qualquer segmento de mercado, desde que seja a preço de custo e cumpra as regras do quadro cooperativo”. O Pedras.coop, em fase de licenciamento na autarquia de Gaia, deverá começar a ver a luz do dia no fim do primeiro trimestre de 2024. Rocha Antunes aponta um prazo de 20 meses para a construção.
As moradias neste projeto-piloto da Mome têm um preço entre 520 mil euros e 880 mil euros, dependendo das tipologias e da área do terraço. Rocha Antunes assegura que as casas dos empreendimentos da Mome terão um custo “20% abaixo do valor equivalente do mercado”. No caso das moradias do Pedras.coop, a diferença é até maior. Segundo o gestor, “o mais barato e no mesmo estilo só se encontra por 1,1 milhões de euros”. A procura foi enorme. A cooperativa Pedras.coop está totalmente subscrita, mas há 54 interessados em lista de espera. Caso se verifique alguma desistência, os candidatos acedem à posição por ordem de chegada da manifestação de interesse.
Construção sustentável
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No caso do Hera.coop, a subscrição do capital da cooperativa vai abrir no início do próximo ano. Os preços dos apartamentos ainda não estão fechados, mas a Mome está a apontar “para valores bastante competitivos”, assegura Rocha Antunes. O projeto quer diferenciar-se pela utilização de métodos construtivos sustentáveis. “A construção será híbrida, parte substancial será off-site [em fábrica], iremos utilizar o betão só no estritamente necessário, com o objetivo de termos um edifício carbono neutro”, adianta. A empresa “quer desenvolver projetos inovadores” e em linha com as diretrizes do regulamento da taxonomia da União Europeia. Como sublinha, “dentro de quatro ou cinco anos, não há financiamento bancário para fazer um prédio em aço e betão”.
Entretanto, a Mome está já a estudar novas oportunidades para desenvolver outros projetos cooperativos. “Até ao fim de 2024 deveremos lançar mais dois ou três empreendimentos”, adianta. O objetivo é estender a ação a outros municípios do Grande Porto e chegar à classe média baixa. Como afirma, “queremos construir casas cada vez mais acessíveis e sustentáveis”. A recente notícia da expansão da rede do metro do Porto “entusiasmou-me muito, mas os preços dos terrenos subiram logo”. E esta questão é crucial. Como lembra, os bancos não financiam a aquisição de terrenos. É o sinal do contrato promessa de compra e venda, cujo valor pretende baixar progressivamente, que permite iniciar o processo.
Rocha Antunes faz questão de sublinhar que todo o processo “é invulgarmente transparente”. A Mome traz “a gestão profissional” e compromete-se a apresentar relatórios mensais detalhados aos cooperantes. Em cima da mesa, estarão todos os compromissos assumidos pela cooperativa e respetivos custos. Rocha Antunes adianta que nestes projetos “não há lugar para investidores, não é possível ceder a posição”, no entanto, o cooperante poderá vender o seu imóvel após a assinatura da escritura.
A SGCH, proprietária da marca Mome, é detida a 55% por Francisco Rocha Antunes e a 45% pelo grupo português Vapo, com atividade na área dos combustíveis. Rocha Antunes é também chief development officer da +Urbano, promotora e gestora imobiliária que esteve envolvida na requalificação do Passeio dos Clérigos e do Bolhão, no Porto, entre outras obras.
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