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A Mota-Engil vai investir cerca de 10 milhões de euros na renovação do hotel de luxo Casa da Calçada, em Amarante. A unidade, que integra a rede hoteleira premium Relais & Chateaux, fechou portas a 1 de janeiro e prepara-se agora para “uma intervenção profunda”. Depois de 22 anos em funcionamento, “sentíamos o desgaste do produto”, apesar de no ano passado a operação ter conseguido superar 2019, justifica Manuel Leite, diretor-geral do grupo para a área do turismo. O projeto já está em marcha. A primeira etapa foi demolir todo o interior. O edifício datado do século XVI é agora paredes e telhado, estando o início das obras de remodelação dependente da aprovação de uma linha de financiamento do Turismo de Portugal. O orçamento inicial indicava um dispêndio da ordem dos 12 milhões, mas o plano foi revisto e a previsão atual aponta para custos entre os oito a 10 milhões de euros, adiantou.
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Nas obras no hotel Casa da Calçada, também conhecido por integrar o restaurante Largo do Paço, distinguido com uma estrela Michelin, deverão estender-se por um período de 15 a 18 meses, mas o palácio, quando reabrir as portas, terá 35 quartos (mais cinco do que anteriormente), um spa e uma nova sala de reuniões, tudo num ambiente de realeza. De acordo com Manuel Leite, a introdução do spa prende-se com o objetivo de reduzir a sazonalidade da unidade e evitar o seu encerramento na época de inverno. “Há muito trabalho de abril a outubro e a ideia é reforçar a oferta para nos meses de época baixa não se perder receita”, diz. A estadia média anual é de 1,8 noites, com os americanos, espanhóis, franceses e brasileiros a distinguirem-se entre os hóspedes. A área das vinhas, bosque e jardins, que integram a propriedade, vai também ser alvo de requalificação.
O restaurante Largo do Paço também fechou portas e o chef Tiago Bonito decidiu voar para outras paragens. Mas o grupo Mota-Engil quer continuar a explorar um espaço de restauração de exceção. E a remodelação do hotel irá permitir criar um local mais exclusivo. Como adianta Manuel Leite, “o objetivo poderá não ser só uma estrela”. Com tempo para pensar, o gestor ainda não esclarece se irá convidar um novo chef para dirigir o restaurante ou recorrer à prata da casa. Como lembra, o Largo do Paço é uma escola de estrelas Michelin, por lá já passaram nomes da alta gastronomia portuguesa como José Cordeiro (ganhou a primeira estrela em 2004), Ricardo Costa, Vítor Matos ou André Silva.
Primeiro aparthotel
A restauração passou a ser uma aposta da família Mota. Depois do sucesso do Largo do Paço, abriu o Real by Calçada, no espaço anteriormente ocupado pelo portuense café Garça Real. A altura não foi a melhor para inaugurar o investimento de 1,5 milhões de euros. A operação arrancou no final de 2021 e durante os primeiros meses esteve sob o efeito nefasto da pandemia. Em simultâneo, ressentiu-se da falta de mão-de-obra. “Não conseguia segurar uma equipa mais de dois meses”, conta Manuel Leite. Por último, o selo da Calçada, uma garantia de qualidade, acabou por marcar o restaurante como um espaço de fine dining, na linha das estrelas Michelin. A primeira versão não vingou e, em agosto de 2022, foi decidido parar e redefinir o conceito.
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Em fevereiro, o Real by Calçada regressou com uma oferta gastronómica assente na cozinha portuguesa de memória e descomplicada, com um serviço simpático e descontraído, apoiado por uma equipa deslocada da Casa da Calçada, diz. O espaço está pensado para o cliente do Porto, mas espera também o impacto positivo do movimento turístico da baixa da cidade. Agora, tem uma carta especialmente dedicada ao período de almoço e a cafetaria também renovou a oferta.
O Real by Calçada tem ainda uma sala idealizada para a realização de eventos privados, desde reuniões de empresas, a jantares de aniversário ou outros momentos festivos e corporativos. Segundo Manuel Leite, o balanço destes meses iniciais “é positivo, acertámos no conceito”. É certo que “os números ainda não são o que se pretende, mas temos a noção que um restaurante como este demora tempo a consolidar-se e nós queremos ser uma referência”.
De volta a Amarante, refira-se que a Mota-Engil abriu no verão passado o restaurante italiano Ciao Tílias, na margem do rio Tâmega e mesmo em frente à Casa da Calçada. “Foi uma aposta ganha, veio suprir a falta de oferta na cidade”, sublinha. Ainda no concelho do poeta Teixeira de Pascoaes, onde também detém e explora o hotel de três estrelas Navarras, o grupo está a realizar um investimento de 8,2 milhões de euros na construção do primeiro aparthotel de Amarante e do Tâmega e Sousa. O projeto contempla 51 unidades de alojamento, divididas entre quartos duplos e apartamentos T1 e T2, e está a ser desenvolvido num conceito de turismo ativo, de natureza e bem-estar, inspirado na linha ferroviária do Tâmega, cuja estação se situa a poucos metros do empreendimento. A abertura está prevista para 2025. O grupo tem também na mira projetos no sul do país.
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