//“Não vendo os meus gatos persas a qualquer um”

“Não vendo os meus gatos persas a qualquer um”

Tudo começou com uma birra de adolescente. Margarida Jantarada fascinou-se pelos gatos persas e queria muito que os pais lhe oferecessem um peludinho de olhos de cobre no aniversário. Tal não sucedeu, mas o fascínio não esmoreceu.

Em 2011, Margarida viu o seu desejo materializado na gata Pipoca, adquirida numa loja de animais. Maravilhada, começou a estudar a raça e, com o apoio da mãe, tornou-se um ano depois criadora.

Hoje, tem mais de 15 gatos persas no seu gatil, em Braga. Habitualmente, acompanha o nascimento de duas a três ninhadas por ano. É um processo árduo e assustador. A um mês do parto tudo tem que estar preparado. Margarida “cria” um ninho e escolhe um local escuro e aconchegado para o colocar. Dia a dia, vai habituando a gata ao espaço, ensinando-lhe que é ali que terá as suas crias. Estas felinas de pelo comprido e sedoso carecem de apoio na hora do parto, ao contrário das gatas comuns, e, nessa altura, a jovem de 23 anos transforma-se em parteira. “Costumam vir chamar-me, pedem-me ajuda”.

Na primeira ninhada nasceram cinco gatinhos, mas só dois sobreviveram. Margarida confirma que há um elevado índice de mortalidade à nascença, mas depois da primeira semana “é incomum morrerem”.

Fabulosos e meigos
A estreia nestas lides, que foi acompanhada em videochamada por um experiente criador de Vila Real, a sua “enciclopédia” sobre persas, criou-lhe fortes laços com as duas pequenas fêmeas, que ainda hoje habitam o SkyFall Cats, o seu gatil de gatos persas. “Não quis vender, era a minha primeira ninhada”, diz.

A estudante universitária, a terminar o mestrado em Engenharia de Gestão Industrial, nunca fez contas ao que já gastou em animais, rações, veterinários e instalação do gatil. “Não faço isto por dinheiro”, frisa, mas admite, com algum desagrado, que “para quem fizer disto uma fábrica é um negócio”. Aliás, Margarida Jantarada não vende os seus gatos a qualquer um. “Faço uma grande triagem às pessoas que me contactam, a primeira análise é pelo telefone. Depois convido-as a virem conhecer os gatos. A decisão final é minha! Tenho que gostar das famílias”, sublinha.

Os persas, que a criadora diz serem “fabulosos como animais de estimação, meiguinhos, dorminhocos como todos os da sua espécie e uma sombra” dos donos – andam sempre atrás – não são para todos os bolsos. Nas suas contas, um gato para companhia custa entre 600 e 750€, já um com qualidades para reprodução entre 1200 e 1500€ e os aptos a participar em exposições podem valer entre 2000 e 2500€. Vivem entre 15 a 20 anos. Os de Margarida já participaram em várias exposições nacionais e estrangeiras, e já foram premiados pela beleza e perfeição.

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