Março de 2020 vai ficar na história da Europa como o mês em que o continente se transformou no centro da pandemia de covid-19. As atividades económicas um pouco por todo o Velho Continente foram abrandando até quase uma paralisação total, com grande parte dos cidadãos confinados em casa.
A aviação é um dos setores onde esta transformação de comportamento deixa uma marca clara. A NAV, empresa de navegação aérea, revelou esta segunda-feira que geriu menos 24,3 mil voos em março. Ou seja, registaram-se 43,8 mil movimentos ao longo do mês, o que representa uma quebra de 36% face ao registado no mesmo período de 2019.
“O total de voos geridos pela NAV, ou ‘movimentos’, inclui não apenas os voos com origem/destino em aeroportos portugueses, mas também aqueles que sobrevoam o espaço aéreo sob responsabilidade portuguesa – que totaliza mais de 5,8 milhões km2. Apesar da quebra do tráfego no mês de março, como um todo, se ter situado em 36%, sublinhe-se que foi a partir do dia 16 que se iniciou um ciclo de quebras cada vez mais acentuadas à medida que diversas ligações começaram a ser suspensas”, indica a empresa em comunicado.
O que os números mostram é que, até meio do mês, a NAV tinha gerido 31,8 mil voos, o que se traduz numa quebra de 2% face ao período homólogo. Por outro lado, na segunda metade do mês, foram controlados apenas 12 mil voos, menos 66% que no período comparável de 2019. Portugal decretou o Estado de Emergência no passado dia 19 de março, tendo as autoridades apelado ao confinamento da população e aplicando medidas de restrições de movimentos. No passado dia 2 de abril, o Estado de Emergência foi renovado, ficando em vigor, pelo menos, até 17 de abril.
“Já se tivermos apenas em linha de conta a última semana do mês, a quebra do tráfego superou os 85%. Os valores registados na última semana de março, ao que tudo indica, deverão manter-se ao longo do corrente mês, sendo por isso expectáveis quebras a rondar os 85% e 95%”, nota a NAV.
Olhando por aeroportos, o Humberto Delgado em Lisboa, fechou a primeira semana de março com mais 0,72% de tráfego. Um retrato que mudou na segunda semana: fechou com um recuo de -2,94%. E a terceira com uma quebra de -50%. “Já na última semana, o tráfego em Lisboa afundou -86,7%, registando-se 525 voos contra os 3.591 voos da última semana de março de 2019”.
No Porto, o aeroporto Francisco Sá Carneiro, e no Algarve, o cenário não foi muito diferente. A Norte “o tráfego na primeira semana de março recuou -2%, caindo para -4% na semana seguinte e -57% na terceira semana. Já na última semana de março, a NAV geriu -87% de voos a partir da Torre do Porto, ou seja, 244 voos contra 1.927 na mesma semana de 2019”.
E no aeroporto de Faro, “a primeira semana de março registou +10% de voos controlados. Depois, seguiram-se quedas de -6%, -35% e -86%, respectivamente, face às mesmas semanas de 2019. Na última semana do mês, Faro contabilizou 159 voos, contra os 1.098 registados na última semana de março de 2019”.
Na Madeira, houve quebras de -1% e -3% nas duas primeiras semanas do mês, seguindo-se -35% de tráfego na terceira semana e -91,3% na última semana do mês.
O General Manuel Teixeira Rolo, presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal, em comunicado sublinha que “a queda acentuada do tráfego é bastante preocupante, por tudo o que tal representa em termos de impactos na economia, no emprego e na vida das pessoas”.
“A prioridade hoje é conter o mais possível o impacto de uma disseminação acelerada do COVID19, sendo essa uma batalha a que todos estamos convocados”, acrescenta.
Primeiro trimestre
Apesar de março ter sido um mês com uma quebra homóloga de mais de 30%, o tráfego aéreo controlado pela NAV nos dois primeiros meses deu sinais de estabilização com “perto de 119 mil movimentos geridos nesses dois meses a situarem-se praticamente ao mesmo nível do período homólogo de 2019”.
Para a atividade turística, os primeiros meses do ano não são, tipicamente, os mais fortes. Embora, os dados divulgados recentemente pelo INE indiquem que, tanto em janeiro como fevereiro, foram meses com uma subida do número de hóspedes e de dormidas nas unidades de alojamento em solo nacional.
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