//Nebula. Animação portuguesa saltou da publicidade para as curtas

Nebula. Animação portuguesa saltou da publicidade para as curtas

Desde 2008 que a Nebula Studios usa a animação para dar a vida a anúncios publicitários de grandes marcas portuguesas e internacionais. Mais de uma década depois, este estúdio apostou na primeira curta metragem, conquistou o circuito dos festivais e está a negociar com o mercado norte-americano.

A curta Don’t Feed These Animals conta a história de um coelho bipolar com um apetite voraz por cenouras e que um dia, por acidente, dá mesmo vida a uma cenoura e a uma cebola gigante, que é a má da fita. Tal como o coelho, a Nebula também assumiu uma segunda personalidade e criou um projeto solto dos guiões das agências.

“Normalmente, fazemos spots com 30, 45 ou 60 segundos, sujeitos a um tópico. Queríamos uma peça que fosse maior do que tudo o resto que temos feito”, recorda Guilherme Afonso, um dos realizadores – em conjunto com Miguel Madaíl de Freitas – e também um dos fundadores do estúdio.

NOS, Pingo Doce, MaxMat e Bongo são algumas das marcas para as quais a Nebula já trabalhou. Também há colaborações com a UEFA, para a criação de conteúdos relativos ao Euro 2020 e Euro 2016.

O conceito para a curta nasceu no final de 2015, durante um jantar de Natal. “Recebi um desenho do [artista 3D] José Alves da Silva de um coelho lobotomizado a atacar o Pai Natal. Achei a situação super engraçada e pensei que tínhamos de contar a história deste coelho”, recorda Guilherme, que fundou o estúdio em 2008 com André Gaspar e João Marchante.

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Criar a primeira curta metragem já estava no pensamento do estúdio ainda antes da fundação. “Já fazíamos mini-curtas metragens, vindos do curso de cinema. Juntámo-nos porque fazia sentido apostar numa perspetiva comercial. Produzir conteúdos é a nossa essência”.

Só que para produzir uma verdadeira curta metragem era preciso reunir orçamento, talento, competências técnicas e tempo. Sem financiamento externo, André, Guilherme e João só podiam contar com as receitas do estúdio e também apostar em parcerias para concretizar o sonho.

“Delineámos um plano para isto doer o mínimo possível: aproximámo-nos de um fabricante de software de animação 3D e que também constrói soluções para o 4D. Fizemos uma apresentação, conseguimos uma reunião e mostrámos que podíamos pegar nesta solução para executar a curta”.

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Com uma equipa base de sete pessoas, o filme acabou por ser desenvolvido por mais de 30 elementos – alguns vindos do estrangeiro -, entre produção, animação e pós-produção áudio.

Depois da apresentação em vários festivais de cinema, a curta “chamou a atenção de algumas pessoas e houve um agente que começou a representar-nos e a fazer uma série de contactos, sobretudo junto de estúdios”.

Um novo projeto baseado em Don’t Feed These Animals pode levar o estúdio português para o mercado norte-americano. Há negociações a decorrer com a Skydance Animation para a produção de uma longa metragem e com os estúdios de animação da Disney para a produção de vários episódios. Ficou ainda aberta a porta para a Netflix.

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