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A Remax fechou o exercício de 2021 com um volume de negócios de 6,5 mil milhões de euros, um crescimento de 41% face ao ano precedente, impulsionado pelo aumento em 29% do número de transações, que chegou a 80 299. Foi o melhor ano de sempre da rede imobiliária, a operar há mais de duas décadas em Portugal, que acompanhou passo a passo a dinâmica do mercado nacional. É que, em 2021, o setor, apesar de todos os constrangimentos da covid-19, registou níveis recorde: venderam-se quase 200 mil casas, num movimento da ordem dos 30 mil milhões de euros. Mas há nuvens no horizonte, como alerta Beatriz Rubio, CEO da Remax, que podem pôr um travão aos negócios.
Como afirma ao Dinheiro Vivo, um grande desafio que o setor poderá enfrentar este ano será “a adaptação a uma eventual subida da taxa de inflação e consequentemente dos juros pagos pelo crédito à habitação”, aumentos que obrigarão os portugueses a fazer mais contas ao fim do mês. Este é um cenário que já se adivinhava e que, agora, a guerra na Ucrânia veio agudizar. “O conflito muito recente no leste europeu não apoia em nada o crescimento do setor, por via direta do aumento dos preços da energia, do gás natural e de algumas matérias-primas e, por via indireta, da subida generalizada dos preços que se repercutirá nos bolsos de muitas famílias, sobretudo daquelas em que o crédito representa uma importante fatia do orçamento”, alerta Beatriz Rubio.
Se as casas nas principais cidades do país já apresentavam valores proibitivos para a generalidade da população, a conjuntura atual só vem carregar mais o horizonte. É certo que o mercado imobiliário já se debatia com a falta de oferta habitacional, quer em quantidade, quer em diversidade, e que essa escassez “tem fundamentado um aumento dos preços”, diz a gestora. Mas esse incremento foi reforçado em 2021 pela subida dos custos de muitas matérias-primas, situação que tende a agravar-se com o conflito na Ucrânia. E, aponta a responsável, os “atrasos no licenciamento e a carga fiscal relativamente elevada não têm ajudado a dinamizar a oferta”, o que impede um eventual equilíbrio dos preços.
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Apesar de todas estas incertezas, a Remax quer consolidar a sua posição de liderança no país. O plano de expansão para este ano prevê a abertura de 25 a 30 agências, com especial foco nas regiões Centro, Norte e Algarve, que se juntarão às atuais 381 lojas. Para acompanhar essa dinâmica, a marca admite recrutar mais de cinco mil profissionais. Segundo Beatriz Rubio, “em 2021, a rede recrutou em média cerca de 435 colaboradores por mês” e “não se perspetivam resultados inferiores” este ano. “Acompanhando o ritmo de crescimento do número de agências, não será surpreendente elevar esta fasquia média mensal, fechando-se o ano com um recrutamento bem acima dos 5000 novos colaboradores”, sublinha. Atualmente, trabalham na rede imobiliária quase 10 mil pessoas.
Os números de 2021 da Remax não deixam margens para dúvidas das necessidades habitacionais da população portuguesa. Os investidores nacionais foram responsáveis por 82% das transações da rede, com as regiões de Lisboa e Porto a destacarem-se nas opções de compra. O distrito de Lisboa manteve a liderança do top 10, com 32 548 transações (40,6% do total), seguindo-se os distritos do Porto (13,9%), Setúbal (10,6%), Braga (5,8%), Faro (4,4%), Leiria e Coimbra (3,7% cada), Santarém (3,5%), Aveiro (3,4%) e Viseu (1,9%). As tipologias T2 e T3 foram as mais procuradas, mantendo a tendência de anos anteriores, com os apartamentos a valerem 62,2% dos negócios e as moradias 21,4%.
Peso dos estrangeiros
Já os clientes estrangeiros representaram cerca de 14% das transações mediadas pela Remax, que negociou com 107 nacionalidades. Os vistos gold pesaram perto de 5%, sendo que o preço médio de venda não foi muito superior a 500 mil euros, o valor mínimo para obtenção da autorização, revela Beatriz Rubio. China, EUA e Brasil são os países de origem da grande maioria dos clientes “dourados”. Já o regime de residentes não habituais foi mais requisitado por franceses, britânicos e brasileiros. Aliás, os cidadãos do país irmão são os investidores internacionais que mais procuram a mediadora, representando 5,5% das transações efetuadas a estrangeiros.
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