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A Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei) submeteu uma candidatura aos projetos conjuntos de internacionalização das PME de cerca de sete milhões de euros, para o período 2023 a 2025. O objetivo é envolver cerca de 100 empresas na participação em feiras e missões empresariais aos países do centro da Europa, mas com uma atenção especial também aos Estados Unidos e Canadá. Um valor “muito expressivo”, admite o diretor executivo da associação, que aguarda “com expectativa” a aprovação do projeto para perceber “o nível de corte” a que será sujeito.
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“Admito que [o corte] seja relevante”, diz Henrique Carvalho, salientando que a candidatura foi já submetida na fase final do PT 2020 e na transição para o novo quadro comunitário. De qualquer forma, lembra que se trata de uma candidatura que abrange dois anos e a participação conjunta e representação na feira Ambiente, de Frankfurt, no referido período. O disparar dos custos de participação em feiras tem sido uma preocupação e obrigou mesmo a alterar algumas das iniciativas previstas.
“Fizemos todas as feiras a que nos tínhamos proposto fazer, mas os custos de participação unitária por empresas foram maiores do que o previsto na candidatura, por causa dos espaços e dos stands. Os preços aumentaram muito por causa dos materiais e das cadeias logísticas e tivemos que gerir isso. Acabámos por ter um nível de execução, em termos financeiros, expressivo nas atividades relacionadas com as feiras, porque tivemos muitas empresas a participar, e tivemos que deixar cair uma ou outra ação”, explica o responsável.
Henrique Carvalho fala num balanço “extremamente positivo” do projeto International Business 2021-2023, que teve um investimento elegível total de 2,451 milhões de euros para apoiar o desenvolvimento da competitividade e capacidade exportadora de 85 pequenas e médias empresas das fileiras Casa e TICE (tecnologias de informação, comunicação e eletrónica). Alemanha, Emirados Árabes Unidos (EAU), Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido, Marrocos, Suécia, Polónia e França foram os mercados-alvo, sendo que o projeto termina no final de junho e “vai acabar com uma taxa de execução excelente”, garante.
O foco na área digital já constou deste programa, que agora está a terminar, mas é substancialmente intensificado no próximo, que aguarda aprovação. “Ajudar as empresas a competir, em termos internacionais, com base em sites de vendas online mais adaptados e através da presença em marketplaces específicos vai ser uma linha importante da nossa ação nos próximos dois anos”, garante Henrique Carvalho.
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Outra das apostas da associação tem sido no apoio às empresas extra projetos conjuntos, seja no trabalho de identificação, à priori, de potenciais parceiros nos mercados externos, “ajudando-as, através de redes internacionais, a perceber quais os clientes que podem ter mais interesse para os seus produtos”, seja no acompanhamento posterior dos contactos e potenciais encomendas.
“Os dados mostram-nos que há em Portugal apenas 20 mil empresas exportadoras para os mercados extracomunitários e que, dessas, só cerca de metade é que o faz continuadamente durante mais do que cinco anos seguidos. Sendo que 80% das exportações são feitas por mil empresas. Há pouca experiência ainda estruturada e continuada em vendas para os mercados de fora da União Europeia”, defende o dirigente que, no entanto, reconhece que a falta de financiamento comunitário para estas ações de prospeção prévia e de acompanhamento posterior é um entrave. Das 85 empresas que participaram no projeto conjunto, só cerca de uma dezena estão a tirar partido dos serviços e valências que a Nerlei coloca ao seu dispor.
A análise ao impacto dos projetos conjuntos de internacionalização da Nerlei nos últimos anos apresenta dados interessantes. Permite, por exemplo, saber que, as 180 empresas que participaram nestes projetos, entre 2015 e 2019, foram responsáveis pela criação de 1383 novos postos de trabalho, elevando o total para mais de nove mil trabalhadores. Só as pequenas empresas reforçaram em 23% os seus quadros de pessoal.
No mesmo período, o volume de negócios das empresas em causa aumentou em 121 milhões de euros para quase 700 milhões no total, sendo que o crescimento foi de 18,9% nas micro empresas, de 34,8% nas pequenas e de 18% nas médias empresas.
E as vendas nos mercados internacionais cresceram quase 12%, correspondentes a mais 38 milhões de euros faturados além-fronteiras. No total, foram quase 363 milhões de euros que as empresas envolvidas exportaram. Os maiores ganhos foram registados pelas micro e pequenas empresas, com incrementos de 89,7% e de 37,7%, respetivamente.
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