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Eduardo Stock da Cunha, ex-presidente executivo do Novo Banco, confirmou esta terça-feira que o banco aumentou a sua exposição a três grandes dos seus devedores durante o seu mandato na liderança da instituição.
Em causa estão financiamentos concedidos à Sogema, do Grupo Moniz da Maia, à Ongoing e à Promovalor, de Luís Felipe Vieira.
Eduardo Stock da Cunha, ex-presidente executivo do Novo Banco, está esta terça-feira a ser ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
Segundo o antigo presidente do Novo Banco, no caso da Sogema, foi disponibilizado financiamento a um projeto que estava já contratado com o banco (‘projet-finance) e o banco “teria que arranjar razões fortes” para não disponibilizar os fundos.
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Na Ongoing, de Nuno Vasconcellos, “houve um aumento de exposição de 3 milhões de euros”, num financiamento direcionado para a área de media da empresa, numa situação global de uma dívida superior a 500 milhões de euros do grupo ao banco.
Quanto à Promovalor, houve lugar ao financiamento de projetos em Moçambique e no Recife, no Brasil.
Antes, durante a audição, Stock da Cunha afirmou aos deputados que “a maioria, senão a totalidade dos créditos problemáticos” do Novo Banco “vem do BES”. “Não nascem no Novo Banco”, destacou.
Stock da Cunha foi o nome escolhido, em setembro de 2014, para suceder a Vítor Bento na liderança do Novo Banco, tendo ocupado o cargo até ao final de julho de 2016.
O antigo presidente do Novo Banco afirmou que a sua prioridade no banco foi “criar valor” para a instituição até ao momento da venda. O banco só acabou por ser vendido, em outubro de 2017, à norte-americana Lone Star, mediante um acordo em que o Fundo de Resolução ficou obrigado a cobrir perdas relacionadas com ativos herdados do BES, num montante até 3,89 mil milhões de euros. Na operação de venda, o Fundo de Resolução ficou com 25% do banco.
Desde que foi criado, na sequência da resolução do Banco Espírito Santo, em 2014, o Novo Banco já recebeu mais de 11.200 milhões de euros para se capitalizar. Deste total, mais de metade foi injetado pelo Estado. Os contribuintes já emprestaram 6030 milhões de euros ao Novo Banco: 3900 milhões aquando da sua constituição e 2130 desde 2017, ao abrigo do acordo de venda firmado com a Lone Star. Além disso, o Fundo de Resolução bancário injetou 1000 milhões no Novo Banco em 2014 e mais 848 milhões de euros desde 2017, num total de 1848 milhões de euros.
Um relatório de auditoria do Tribunal de Contas, divulgado na segunda-feira, concluiu que não foram protegidas contas públicas nas injeções no Novo Banco.
Atualizada às 17H22 com mais informação
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