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Será ainda este mês de outubro que se irá confirmar o retorno do Novo Banco aos lucros de forma sustentada. O banco deverá ter registado o seu terceiro trimestre consecutivo com um resultado líquido positivo. O exercício de 2021 será assim o primeiro em que o banco liderado por António Ramalho fecha com lucros. Foram sete anos de prejuízos e limpeza do balanço do banco.
O banco arranca agora com uma nova imagem para marcar o arranque de uma nova fase para a instituição, numa altura em que se fechou também o processo relativo à comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco. “Coincide com o fim de um ciclo e com o início de um novo, exatamente hoje que lançamos a nova imagem de marca”, disse O CEO do Novo Banco.
Perante a especulação de que a nova imagem serve para “embelezar” o banco e prepará-lo para a venda, Ramalho é taxativo. O presidente executivo do Novo banco afirmou que a mudança de imagem “tem por objetivo contribuir para o crescimento e rentabilidade do Banco no futuro e o seu papel estratégico para as empresas e economia nacional”.
Certo é que o banco ainda tem “pendentes” por resolver, nomeadamente com o Fundo de Resolução. Não está afastada a possibilidade de voltar a pedir mais injeções de capital. Tudo depende da forma como terminarem os diferendos que opõem o banco ao Fundo de Resolução e às Finanças, que ascendem a cerca de 500 milhões de euros no total.
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A proposta de Orçamento do Estado para 2022 não menciona nova injeção no Novo Banco. Este ano, o Fundo de Resolução obteve financiamento junto da banca para fazer nova injeção de capital no Novo Banco depois de o Parlamento ter rejeitado que o Estado fizesse novo empréstimo. O Novo Banco pode ainda pedir cerca de 600 milhões de euros do total de 3,89 mil milhões de euros de capital contingente que ficou acordado aquando da venda de 75% do banco à Lone Star, em 2017.
Lucros prosseguem
A expectativa do banco é que, concluído o processo relativo à comissão parlamentar sobre o banco e com a “casa arrumada”, a instituição possa ter um como que um “começar de novo” com a ajuda da nova imagem. Os resultados deverão continuar a ajudar a deixar o passado para trás.
O banco terminou o segundo trimestre com lucros, pelo segundo trimestre consecutivo. Obteve no período um resultado líquido positivo o que elevou o resultado do primeiro semestre a 137,7 milhões de euros. O valor comparou com um prejuízo de 555,3 milhões de euros na primeira metade de 2020. “Este desempenho demonstra a capacidade do negócio em gerar capital”, afirmou o banco no comunicado com os resultados semestrais.
O banco está agora apostado em melhorar a sua rentabilidade. No primeiro semestre deste ano, a sua margem financeira cresceu 13,1% face ao período homólogo, “contribuindo para uma melhoria do produto bancário comercial”, que aumentou 9,7% face a igual período de 2020.
O resultado operacional core do banco – produto bancário comercial menos os custos operativo – subiu 27,5% para 220,7 milhões de euros, em termos homólogos.
Quanto às imparidades para crédito, caíram 70% para 84,7 milhões de euros, incluindo 35,2 milhões de euros de imparidade para riscos relacionados com a crise provocada pelas medidas adotadas pelas autoridades na gestão da pandemia de covid-19.
Em termos de rede de balcões, o banco tinha em junho 348 agências em todo o país, menos 10 do que no final de 2020. Quanto ao curado de pessoal, empregava 4448 colaboradores no final do primeiro semestre deste ano, uma redução de 112 face ao final de dezembro do ano passado.
Mas, apesar dos resultados positivos, o passado ainda deverá manter-se por perto e alguns fantasmas e traumas mal resolvidos podem ainda voltar para assombrar António Ramalho, que ainda poderá ter de vir exigir a injeção de fundos ao Estado, os quais estão pendentes, segundo o acordado âmbito do contrato vigente.
Apesar de opiniões favoráveis, analistas de agências de rating – nomeadamente a DBRS e a Moody”s – ainda apontam para a fraca rentabilidade e frágil posição do banco em matéria de crédito malparado.
A comissão de inquérito terminou e o relatório final foi aprovado em 27 de julho e apreciado na sexta-feira no parlamento. Mas o documento foi aprovado com o voto contra do PS e a abstenção do CDS-PP e atribuiu responsabilidades pela situação a que chegou o Novo Banco, incluindo diversas administrações do banco, mas também a Comissão Europeia e o Banco de Portugal. O tema dos grandes devedores deverá continuar a surgir na esfera mediática.
Também por saber está se o Estado vai ou não ficar com uma fatia do capital do banco a que tem direito no âmbito do regime de ativos por impostos diferidos. São quase 6% do capital que sairiam das mãos do Fundo de Resolução bancário diretamente para as mãos dos contribuintes.
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