Partilhareste artigo
A deputada do BE Mariana Mortágua disse esta sexta-feira que Bernardo Moniz da Maia aumentou o capital de empresas devedoras ao Novo Banco para diluir a posição do banco e “fugir à dívida”, uma acusação de “calote” negada pelo empresário.
Detalhando que três empresas do grupo Moniz da Maia “eram as únicas garantias que o Novo Banco tinha”, Mariana Mortágua referiu, na audição do empresário na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, que “para aceder a elas o Novo Banco tem que ser dono”.
“Depois de ter falhado o processo de reestruturação, o doutor Moniz da Maia vai, à revelia do Novo Banco e em segredo, e faz um aumento de capital destas empresas para diluir a posição do Novo Banco. Nós conhecemos essa estratégia. Foi exatamente a estratégia que José Berardo usou para diluir a participação dos credores na Coleção Berardo. Esta estratégia tem outro nome: chama-se calote”, denunciou a deputada.
Mariana Mortágua disse que uma das empresas que foi ao aumento de capital, denominada Wisdom Occasion, é parceira de Moniz da Maia “em três outras empresas através de uma sociedade que o doutor Moniz da Maia tem registada nas Ilhas Virgens Britânicas chamada Roqueville”.
Subscrever newsletter
“Eu gostaria de saber qual foi o seu plano para fugir à dívida, retirar os colaterais ao Novo Banco a empresas que pertencem ao Novo Banco por causa do seu crédito”, prosseguiu a deputada.
Na resposta, o empresário disse que “não há aqui comparações” com a estratégia de José Berardo mencionada pela parlamentar bloquista, dizendo que “foram aumentos de capital feitos por investidores externos”, e que “o Novo Banco estava a par das coisas”.
“O Novo Banco não foi informado desta decisão e por isso é que foi para execução judicial”, respondeu a deputada, baseando-se em notas internas do banco a que os deputados têm acesso, e acrescentando que se tratam de operações que “não são legais nem morais”.
A deputada questionou ainda o empresário se o dinheiro recebido da venda de sociedades no Brasil foi para empresas devedoras do Novo Banco, ou se houve algum dinheiro que tenha saído para outras empresas ou para contas pessoais ligadas a Moniz da Maia.
“Para contas minhas, que eu me recorde, não. Foi para empresas, para a estrutura, talvez, para manter as empresas a funcionar”, respondeu o empresário.
“Portanto garante-me que não há um cêntimo que tenha ido para contas suas e tudo foi usado na estrutura que é devedora do Novo Banco. Pense bem, porque nós temos acesso a muita informação, e temos acesso a muitos dados de muitas empresas, eu aconselhava-o a pensar bem na resposta que vai dar”, disse Mariana Mortágua.
Bernardo Moniz da Maia disse não ter a certeza por já ter sido “há bastante tempo”, disponibilizando-se para dar informação à comissão posteriormente.
“Eu duvido que mande uma informação à comissão de que desviou o pagamento de empresas para contas pessoais, mas por favor faça-o se entretanto recuperar a memória”, reagiu a deputada.
Deixe um comentário