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O primeiro-ministro considerou hoje que o Novo Banco tem “uma história muito triste”, admitiu que havia razões para duvidar sobre a qualidade dos seus ativos financeiros e afirmou que o dinheiro injetado pelo Estado será recuperado.
António Costa falava no final da primeira ronda do debate bimestral sobre política geral, na Assembleia da República, depois de uma intervenção do vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS João Paulo Correia com críticas ao PSD e Bloco de Esquerda sobre o Novo Banco.
Na resposta, o líder do executivo disse orgulhar-se da ação do seu Governo em 2016 e 2017 ao nível das políticas adotadas para o sistema financeiro, depois de ter recebido “uma pesada herança”, desde logo com a perspetiva de liquidação do Banif, mas também com a reputação do Estado Português em causa como resultado de decisões tomadas para o Novo Banco pelo Banco de Portugal no final de 2015.
“Em março de 2017, de facto, não havia nenhuma solução boa: A liquidação era péssima; a nacionalização significava importar para o Estado ilimitadamente todos os riscos relativos ao Novo Banco; e havia a possibilidade de negociar com um único verdadeiro interessado nas condições que impunha para a sua aquisição. Mas também dúvidas sobre a qualidade de ativos e, infelizmente, estes anos têm demonstrado que tinham razão de ser”, admitiu o líder do executivo.
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Neste contexto, António Costa frisou que, em matéria de Novo Banco, o país “está perante “uma história muito triste”.
“Aprendi com o professor Jorge Leite a frase de que é muito difícil endireitar a sombra de uma vara torta”, assinalou, dizendo então, em seguida, que o seu executivo procurou fundamentalmente assegurar que o Novo Banco “não entrava em liquidação, que não havia riscos sistémicos ou desestabilização do sistema financeiro”.
“O Governo colocou um risco máximo de responsabilidade de 3,9 mil milhões de euros e, ainda, que essa responsabilidade é assegurada pelo fundo de resolução – entidade que é financiada em condições que não colocam em causa a sustentabilidade do conjunto do sistema bancário através das contribuições a receber até 2046. Este não é um empréstimo gratuito, mas oneroso, porque o Estado cobra juros”, salientou o primeiro-ministro.
De acordo com o líder do executivo, até ao momento, o Estado já cobrou 588 milhões de euros “e muitos milhões de euros cobrará até à liquidação final do empréstimo”.
“Quando eu disse que não serão os contribuintes a suportar, digo e repito: O dinheiro que hoje o Estado adiantou é o dinheiro que o Estado vai recuperar com juros para os contribuintes”, assegurou.
Neste ponto, António Costa apontou ainda “ganhos colaterais” por parte do Estado Português ao ter seguido o caminho da venda do Novo Banco.
“Assistiu-se a uma estabilidade do sistema financeiro e a uma ausência de risco sistémico e ganhos que se traduziram numa descida significativa da taxa de juro da República, o que tem poupado ao Estado muitos milhares de milhões de euros ao longo destes anos”, advogou o primeiro-ministro.
Neste contexto, deixou um aviso: “Não podemos correr o risco de voltar a perder a credibilidade internacional e, por isso, temos de manter uma gestão prudente ao mesmo tempo que recusamos a austeridade”.
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