//Novo Banco deixa porta aberta a nova injeção

Novo Banco deixa porta aberta a nova injeção

Como já estava previsto, o Novo Banco voltou a registar elevados prejuízos no último exercício e anunciou o pedido de nova injeção de capital por parte do Fundo de Resolução. Desta vez são 598,3 milhões de euros que o banco pede para reforçar o capital e cobrir perdas resultantes de alegados ativos herdados do Banco Espírito Santo.

O anúncio foi feito ontem no comunicado com os resultados de 2020: o Novo Banco registou um prejuízo de 1329 milhões de euros, o que compara com 1058 em 2019. O montante agora pedido ao Fundo de Resolução está aquém dos cerca de 900 milhões de euros ainda disponíveis da verba prevista no mecanismo de capital contingente acordado aquando da venda do banco em 2017. Mas a nova injeção está acima dos 476 milhões de euros que estavam previstos na proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2021 para serem transferidos para o Fundo de Resolução injetar no Novo Banco. A medida foi retirada da proposta do OE no seguimento de uma iniciativa do Bloco de Esquerda que obteve o apoio do PSD e do PCP. O objetivo era que não fossem transferidas mais verbas dos contribuintes enquanto não fosse concluída mais uma auditoria independente ao banco por parte da Deloitte.

Num comunicado divulgado ontem, o Fundo de Resolução apontou que, do valor total pedido pelo Novo Banco em relação ao exercício de 2020, estão “em análise” matérias, no montante de 160 milhões de euros, para aferir se estão abrangidas pelo acordo de capital contingente.

António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, está confiante de que o Fundo de Resolução vai fazer a transferência do montante pedido. Na conferência de apresentação dos resultados do banco, que se realizou online, ontem ao final da tarde, Ramalho citou o “histórico de cumprimento” do Fundo de Resolução, adiantando que o Fundo “tem todo o track record para assegurar que o cumprimento se fará”.

Mas, segundo o Ministério das Finanças, “o Governo está plenamente convicto de que o valor final, após a verificação das entidades competentes, ficará abaixo do previsto na proposta de OE2021”. Num comunicado divulgado ontem ao fim da tarde, as Finanças salientam que “nos termos do contrato, serão agora realizados os procedimentos de verificação do valor calculado pelo Novo Banco e de confirmação do cumprimento dos pressupostos de acionamento do referido Acordo de Capitalização Contingente”.

Estas injeções de capital visam cobrir perdas relacionadas com ativos ainda herdadas do Banco Espírito Santo, que foi alvo da medida de resolução em 2014. Na altura foi criado o Novo Banco, como banco de transição, com uma dotação de capital de 4,9 mil milhões de euros. O banco foi depois vendido à norte-americana Lone Star, mediante um acordo que prevê injeções por parte do Fundo de Capital até 3,89 mil milhões de euros para compensar eventuais perdas relativas ao BES.