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O Novo Banco registou um prejuízo de 1329 milhões de euros em 2020 e anunciou que vai pedir uma injeção de capital de mais 598,3 milhões de euros ao Fundo de Resolução.
O Orçamento do Estado (OE) para 2021 previa uma injeção de 476 milhões de euros no Novo Banco mas a transferência foi travada pelo parlamento. A medida foi eliminada do OE para 2021 na sequência de uma iniciativa do Bloco de Esquerda que obteve o apoio do PSD e do PCP.
“O montante de compensação a solicitar com referência a 2020, no montante de 598,3 milhões de euros, teve em conta as perdas incorridas nos ativos cobertos pelo Mecanismo de Capitalização Contingente, bem como as condições mínimas de capital aplicáveis no final do mesmo ano ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente”, refere o banco no comunicado com os resultados do banco que foi divulgado esta sexta-feira.
O mecanismo de compensação ficou previsto aquando da venda do banco em 2017. O acordo de venda do banco previa a injeção de até 3,89 mil milhões de euros no Novo Banco pelo Fundo de Resolução para cobrir eventuais perdas relacionadas com ativos herdados do BES. O montante de injeção que o banco vai pedir relativamente ao exercício de 2020 está aquém dos cerca de 900 milhões de euros ainda disponíveis ao abrigo daquele mecanismo.
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O Fundo de Resolução anunciou esta sexta-feira, em comunicado, que, do montante pedido pelo Novo Banco relativamente ao exercício de 2020, existem “matérias em análise” sobre se estão abrangidas pelo acordo de capital contingente, num “montante que excede os 160 milhões de euros”.
António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, sinalizou hoje, na conferência de apresentação dos resultados do banco, estar confiante de que o Fundo de Resolução vai cumprir o acordado e efetuar a transferência do montante pedido. Ramalho citou o “histórico de cumprimento” do Fundo de Resolução, adiantando que o Fundo “tem todo o track record para assegurar que o cumprimento se fará”.
Questionado sobre o banco pode vir a pedir uma injeção de capital ao Fundo de Resolução em 2022, Ramalho lembrou que o acordo de capital contingente vai “até 2025, passível de prolongar até 2026”, deixando em aberto essa possibilidade. Mas sublinhou que, “no essencial”, o processo de reestruturação do banco terminou.
Resultados positivos em 2021
António Ramalho assegurou que o banco vai “iniciar um novo caminho em 2021”, garantindo que o Novo Banco iniciará este ano “um período de resultados positivos desde o primeiro trimestre”.
O prejuízo registado em 2020 pelo Novo Banco supera o observado no ano anterior, de 1058 milhões de euros.
A margem financeira melhorou 8,3% para 555,1 milhões de euros e o produto bancário comercial aumentou 0,3% para 827 milhões de euros.
O banco explica os prejuízos com “um impacto negativo de 300,2 milhões de euros resultado de avaliações independentes aos fundos de reestruturação”, imparidades e provisões de 1191,5 milhões de euros de imparidades e provisões, em resultado da descontinuação do negócio em Espanha e do agravamento do nível de incumprimento de alguns clientes [crédito a clientes, garantias e instituições de crédito], sendo 268,8 milhões de euros de imparidade adicional para riscos de crédito decorrentes da pandemia covid-19″.
Para as perdas do banco contribuíram também “123,9 milhões de euros de reforço da provisão para reestruturação”, adianta.
O banco liderado por António Ramalho anunciou ainda que terminou o ano passado com um total de 6,9 mil milhões de euros de créditos em regime de moratória, o que corresponde a 27% da sua carteira de crédito.
Atualizada às 18H24 com mais informação
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