//O casal que veio da China e produz calçado Made in Portugal

O casal que veio da China e produz calçado Made in Portugal

O encerramento da Basilius, em 2006, empresa histórica da indústria de calçado, foi uma surpresa já que era um dos ícones do sector, fundada por Basílio Oliveira, que chegou a ser presidente da associação patronal, a APICCAPS. Mais de uma década depois, a unidade fabril, em Santa Maria da Feira, tem uma nova vida: alberga a Orso Sandles, empresa de capital chinês instalada em Portugal.

Fundada em 2012, a Orso Sandles é um investimento de Fang Fang e Fei Zhou. A viver na Europa há mais de 15 anos, o casal tinha em Espanha um armazém de revenda de calçado que importava da China, mas percebeu que teria mais sucesso se o produzisse cá. Associou-se a um sócio chinês, que vivia em Portugal, e assim arrancou o projeto, inicialmente em Fiães, Santa Maria da Feira. Em 2016, o casal assumiu 100% do capital, transferiu-se para Portugal e comprou as instalações da antiga Basilius para crescer, numa outra freguesia do mesmo concelho.

Filipe Ji, do departamento comercial da empresa, explica a opção: “A garantia made in Portugal faz toda a diferença porque torna mais fácil arranjar clientes na Europa”. Por outro lado, diz, a desalfandegagem dos contentores vindos da China “não é simples”, por isso, “preferimos importar as matérias-primas e produzir cá. As despesas até podem ser mais elevadas, mas as vantagens compensam”.

Hoje, a Orso Sandles dá emprego a 60 trabalhadores que laboram de segunda a sexta-feira em três turnos, ou seja, 24 sobre 24 horas, e está à procura de mais 20 pessoas para reforçar um dos turnos, já que investiu numa nova máquina de injeção, que lhe vai permitir duplicar a capacidade de produção que, atualmente, é de dois a três mil pares ao dia. O empresário, Fei Zhou, garante que os seus funcionários ganham, em média, 680 euros, valor que sobe para os 750 para os que trabalham no turno da noite.

Chinelos e sandálias em PVC ou EVA, vulgo borracha ou plástico, são o principal produto da Orso Sandles. A nova máquina de injeção visa reforçar a aposta num novo artigo, as sapatilhas com sola em poliuretano e com a gáspea em malha, “mais leves e confortáveis” do que as tradicionais. Praticamente tudo o que produz exporta, já que tem, ainda, “poucos clientes” no mercado nacional. Espanha é o principal destino dos produtos Orso Sandles, bem como Itália, França, Bélgica e Polónia.

Esta foi uma das 96 empresas portuguesas presentes na Micam, a feira de calçado em Itália, com o apoio do Programa Compete, mas a aposta não correu bem, já que se trata de um certame muito vocacionado para a moda e que “não se adequa ao nosso tipo de produto”, admite o responsável comercial da Orso Sandles. A intenção é manter a participação na InterGift, em Madrid, onde é presença assídua, e tentar apostar numa outra feira em Itália, a de Garda. Em fase de registo está a marca própria, a New Star, que será a aposta da Orso Sandles para 2019.

A empresa faturou 1,5 milhões de euros em 2017, mas este ano deve ficar-se por um milhão. “O verão chegou tarde e as vendas ressentiram-se”, diz.

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