//O engenho que veio do Interior e chegou ao resto do mundo

O engenho que veio do Interior e chegou ao resto do mundo

Podemos passar por grandes obras e não saber quem contribuiu para as erguer, mas há elevadas probabilidades de a NRV-Norvia Consultores de Engenharia ter deixado lá a sua marca. É o caso do viaduto do Corgo, da subconcessão rodoviária do Pinhal Interior, do aeroporto do Funchal, da eletrificação da linha do Algarve ou de um túnel em Fátima. Há até intervenção numa sala de provas de vinho, no Douro. Lá fora, quem for a Maputo (Moçambique), fica a saber que o abastecimento de água tem mão da empresa portuguesa, tal como as estruturas portuárias em Marrocos ou pontes no Senegal.

Estamos a falar da Norvia, empresa que nasceu em Vila Real, em 1987, quando a Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) estava a arrancar. Um dos cursos era Engenharia Civil. “Um grupo de quatro ou cinco engenheiros juntaram-se para criar uma empresa de projeto, para trabalhos que iam aparecendo no mercado”, conta Tomás Espírito Santo, engenheiro lisboeta que decidiu regressar às origens da família, em Vila Real.

Em 1989, deixou a Junta Autónoma das Estradas e começou a dar aulas na UTAD, precisamente em Engenharia Civil, e pareceu-lhe adequado abraçar também o projeto Norvia, convertendo-o numa consultora nessa área.

“Alguns dos jovens engenheiros recrutados nessa fase de arranque ainda estão na empresa e são hoje também acionistas”, conta. Tomás Espírito Santo e os dois filhos detêm 50% do capital da Norvia, que só recentemente mudou a designação para passar a ser conhecida por NRV. A família e os sócios do núcleo duro inicial detêm 65% a 70% do capital, o restante está nas mãos dos trabalhadores.

“Adotei o princípio de ir dando participações aos colaboradores que iam dando notoriedade à empresa”, justifica o gestor. O grupo emprega agora um total de 200 trabalhadores, sendo cerca de duas dezenas titulares de ações.

Logo desde os primórdios, a empresa abriu escritórios em Lisboa e no Funchal. Mais tarde, deu-se a primeira internacionalização, no Brasil, com a qual aprenderam “muito, mas sem perder dinheiro”.

Deu-se, depois, a instalação em Cabo Verde, Angola, Moçambique e no Senegal. Já nos anos 2000, começaram a “sentir falta de algumas especialidades” e foi quando que se iniciou o processo de aquisição de empresas, com as quais já trabalhavam.