//O que as mulheres querem? E como as marcas podem dar resposta

O que as mulheres querem? E como as marcas podem dar resposta

De produtos de higiene a cereais do pequeno-almoço há uma panóplia de produtos dirigidos especificamente a mulheres, responsáveis, na maioria dos países, pelas compras para o lar. Mas, por vezes, o único adicional diferenciador do produto é a cor da embalagem: quase sempre mais rosa, glamorosa e, em certos casos, mais cara do que a ‘versão’ masculina do mesmo produto.

Será esta a única forma das marcas responderem às necessidades do público feminino? E o que querem as mulheres? Resposta imediata: maior conveniência e poupar tempo. “Em média, 91% das mulheres europeias afirmam que têm responsabilidade partilhada ou total pelas compras diárias, pelas tarefas domésticas e pela preparação das refeições. Como resultado, são também as mulheres as principais compradoras de produtos para o lar”, destaca a Nielsen, numa análise divulgada esta terça-feira.

O que revela que há claramente uma oportunidade para as marcas, já que “este cenário transforma as mulheres numa das maiores oportunidades para uma oferta orientada pela conveniência.”

Conveniência e online

Inúmeras cadeias de retalho alimentar têm apostado na abertura de lojas de proximidade, geralmente, mais urbanas e com uma oferta de produto mais vocacionada para temas de conveniência, como aumento da oferta de refeições prontas ou semi-prontas, por exemplo. Em Portugal, os mais de 300 supermercados que têm vindo a abrir desde 2016 têm sido sobretudo neste conceito de loja de proximidade.

“Em toda a Europa, 60% das mulheres afirmam que a localização conveniente de uma loja é um fator altamente importante na escolha da loja, em comparação com 52% dos homens. As mulheres procuram formas de maximizar a eficiência, uma vez que preferem lojas que sejam fáceis de entrar e sair. Para além disso, valorizam ainda a organização da loja e os serviços disponíveis de economia de tempo”, refere a Nielsen.

Leia ainda: Mais de metade da abertura de lojas são supermercados

As compras online são também uma opção tomada por muitas mulheres. “É mais provável que as mulheres europeias procurem compras online isentas de riscos e convenientes. A entrega gratuita de compras na internet atrai 45% das mulheres europeias, em comparação com 35% dos homens, tornando a Europa na região com a maior diferença de género para este tipo de serviço.”

“As mulheres europeias estão também significativamente mais interessadas do que os homens em receber notificações quando um artigo encomendado está esgotado e valorizam a possibilidade de devolução”, destaca ainda a empresa de estudos de mercado.

Estão igualmente preocupadas com questões de saúde. É, de resto, “uma prioridade máxima” para as mulheres na Europa, América do Norte e Ásia-Pacífico.

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“Entre todas as regiões, a Europa apresenta a maior disparidade de género quando se trata de alterações alimentares planeadas. 79% das mulheres afirmam querer alterar a sua dieta, em comparação com 71% dos homens”, informa a Nielsen. “Na batalha das marcas, as que destacam a saúde terão maior sucesso com as mulheres”, destaca a empresa de estudos de mercado.

As mulheres europeias são mais propensas a analisar os produtos presentes no linear do que os homens. Procuram “rótulos transparentes, de empresas abertas sobre a origem dos seus produtos e a forma como são produzidos. As marcas podem conquistar corações ao priorizar ingredientes de qualidade. Na Europa, 56% das mulheres acreditam que a qualidade dos ingredientes e materiais determina se um produto é premium, em comparação com 52% dos homens.”

Menor capacidade financeira

Orçamentos familiares curtos é também uma realidade para muitas mulheres, independentemente, da sua realidade geográfica. Mais de metade (52%) das mulheres europeias diz ter dinheiro apenas para alimentação, alojamento e produtos básicos, comparativamente com 43% dos homens. Mais, uma em cada três mulheres (34%) em toda a Europa acredita que está em pior situação financeira do que há cinco anos, comparando com uma percentagem muito menor nos homens, destaca a Nielsen.

Focando-se no apoio às necessidades das mulheres, as empresas poderão contribuir para o desenvolvimento deste poderoso grupo que domina os gastos domésticos”, diz a Nielsen

Na União Europeia, as mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 34 anos têm quase 9% mais probabilidades de não estar empregadas ou de não receber educação (20,9%) do que os homens jovens da mesma idade (12,2%), segundo a Eurostat, refere a empresa de estudos de mercado.

“Embora a Europa Ocidental esteja em primeiro lugar no relatório Global Gender do Fórum Económico Mundial, o relatório estima que a igualdade de género não será uma realidade durante 61 anos na Europa Ocidental e 124 anos na Europa Oriental e na Ásia Central. A Islândia e os países nórdicos estão classificados como os melhores lugares para se ser mulher, mas ainda são necessários passos significativos em muitos mercados para chegar perto de alcançar a paridade”, realça a Nielsen.

E fora do espaço da UE existem igualmente enormes desafios ainda por resolver, como “falta de diversidade na contratação ou promoção, leis que impedem as mulheres de trabalhar, licenças de maternidade e paternidade curtas ou inexistentes, responsabilidades de cuidado a familiares que limitam o quanto as mulheres podem trabalhar, e crescimentos de carreira mais lentos”.

“As empresas que querem ter sucesso não vão apenas fazer donativos para as causas das mulheres. Irão contratar ativamente mulheres, garantir que o seu pagamento seja justo e igualitário e promover licenças de maternidade e paternidade. Não é apenas benéfico para os negócios, é a única escolha. Focando-se no apoio às necessidades das mulheres, as empresas poderão contribuir para o desenvolvimento deste poderoso grupo que domina os gastos domésticos”, diz a Nielsen.

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