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A comissão de trabalhadores da Meo anunciou esta quinta-feira que pretende constituir-se como assistente no processo judicial relativo à Operação Picoas.
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Num comunicado enviado à redação, a estrutura representativa dos trabalhadores da Meo considera “crucial” o seu envolvimento no processo, para “garantir que os direitos e interesses dos trabalhadores sejam devidamente representados”.
Os trabalhadores da Meo acusam a administração da Altice Portugal de não permitir à comissão “exercer o controlo de gestão, direito conferido por lei às comissões de trabalhadores (conforme previsto no art.º 426º do Código do Trabalho), em nome de um suposto interesse para a defesa nacional”. E, por isso, considera que essa “recusa” apenas “reforça a necessidade de intervenção”.
“Esta medida é tomada em prol da transparência, justiça e defesa dos interesses dos trabalhadores da Meo, visando assegurar a recuperação do património subtraído, num cenário onde a transparência e colaboração da administração da Altice Portugal têm estado notoriamente ausentes”, lê-se.
Para Jorge Pinto, coordenador da comissão de trabalhadores da Meo, esta decisão é o reflexo do “compromisso com a transparência, integridade e defesa dos interesses dos trabalhadores”.
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“A falta de transparência e colaboração da administração da Altice Portugal reforçou a nossa convicção de que é essencial nos constituirmos assistentes no processo. Ao prejudicarem a empresa, afetaram várias gerações de trabalhadores que contribuíram para o que era a Portugal Telecom”, argumenta o responsável.
Ao constituir-se como assistente no processo, a comissão de trabalhadores também promete “servir como um canal para a apresentação de denúncias passadas e futuras, visando uma resposta apropriada das autoridades judiciais”.
“Queremos contribuir ativamente para a reparação dos danos causados à Altice Portugal e, por conseguinte, a todos os trabalhadores”, lê-se no comunicado.
No mesmo anúncio, esta comissão manifesta receios em torno das recentes notícias que dão conta da venda de ativos da Altice em Portugal, incluindo a venda da Meo.
“É com desagrado que constatamos a falta de informações adicionais fornecidas à comissão de trabalhadores da Meo. Até ao momento, a empresa comunicou apenas a existência de um processo de avaliação periódica do valor das empresas no mercado, descrito como normal. Manifestamos a nossa expectativa por esclarecimentos mais abrangentes, a fim de compreendermos integralmente este processo e suas implicações para os trabalhadores da Meo em particular e dos trabalhadores da Altice Portugal em geral”, realça a estrutura.
“Perante as recentes notícias que apontam para a real possibilidade da venda total ou parcial da Altice Portugal, com diversos interessados, desde fundos associados a figuras de destaque nacional a empresas de telecomunicações internacionais, a comissão de trabalhadores considera imperativo esclarecer a fundo as práticas fraudulentas associadas à Operação Picoas. Estas podem ter sido um fator determinante na decisão de alienar este ativo valioso para o país, tomada por Patrick Drahi”, lê-se.
Na quarta-feira, o Financial Times noticiou que a gestora de fundos Warburg Pincus associou-se ao português António Horta Osório para apresentar uma proposta sobre ativos da Altice Portugal. Também a Saudi Telecom, segundo noticiou a Bloomberg há dez dias, está interessada na dona da Meo.
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