Vale mais de 2% do PIB espanhol mas sempre primou pela discrição. Do El Corte Inglés, pouco se vai sabendo, por não ser cotado, à exceção dos resultados financeiros que o grupo vai publicando uma vez por ano.
Esta semana, no entanto, a gigante do retalho teve de desvendar um pouco mais. Uma emissão de obrigações na Irlanda, de 600 milhões de euros, levou a empresa a entregar um relatório de 560 páginas repletas de números e factos para convencer os investidores.
O documento, citado pela imprensa espanhola, destaca que o El Corte Inglés é responsável por 7% de todas as vendas do setor do retalho em Espanha. No ano terminado a 28 de fevereiro último, a empresa faturou perto de 16 mil milhões de euros, com o país vizinho a concentrar a quase totalidade das receitas.
A fraca internacionalização foi, aliás, uma das fragilidades apontadas ao grupo por agências de notação financeira como a S&P e a Moodys. Ao que o Corte Inglés respondeu que o foco no mercado doméstico reduz a exposição da empresa às flutuações cambiais. Cerca de 99% das vendas do grupo são feitas em euros e só 2% da faturação provém de fora da União Europeia.
Uma das apostas fortes do grupo tem sido nas vendas online. Nos próximos meses deverá avançar com uma nova aplicação móvel. Para já, vai competindo com a Amazon pela liderança nas vendas pela internet em Espanha. A gigante norte-americana domina o mercado, com 12,7% da quota de mercado. O El Corte Inglés tem 9,1%.
Das 1500 marcas que o El Corte Ingles tem à venda nas lojas físicas, 290 também são vendidas online. No último exercício, que terminou a 18 de fevereiro, o comércio online rendeu ao grupo 547,5 milhões de euros. São feitas 15 mil transações por dia, em média, e mais de meio milhão por ano, com um valor que ronda os cem euros.
Nos armazéns do grupo entraram 700 milhões de pessoas no último ano, sendo que 60% das visitas resultaram em compras. A galinha dos ovos de ouro do grupo é o cartão com nome próprio. São mais de 11 milhões os clientes que o detêm, quase 29% da população espanhola com mais de 18 anos. O grupo assume no relatório que o cartão dá “acesso a uma grande quantidade de dados de clientes, incluindo informações sobre as suas preferências”.
Em 2017, 28,8% das compras dos clientes foram financiadas com o cartão de crédito (4600 milhões de euros). A esse valor somam-se 1600 milhões de euros de vendas a prestações.
O grupo tem mais de 1200 lojas, entre grandes armazéns, supermercados e lojas de marcas próprias, e uma carteira imobiliária avaliada em mais de 17 mil milhões de euros.
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