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Como é que a tecnologia está a mudar a nossa relação com o dinheiro? Em tempos de pandemia o uso de dinheiro digital “explodiu”, com os chamados pagamentos contactless (sem contacto físico direto) em loja a passarem de 25% (em 2019) para 75% do total – dados da Visa para a Europa.
“Há 60 anos que trabalhamos para eletrificar o dinheiro e, agora, é cada vez mais uma realidade ampla”, diz-nos o italiano Andrea Fiorentino, responsável das áreas de produto e soluções (de cibersegurança e inteligência artificial) da Visa no sul da Europa.
Com a pandemia, em poucos meses “acelerou-se para uma penetração que só ia acontecer em vários anos”, com uma inversão completa do que era 75% dos pagamentos em dinheiro físico em 2019, para os tais 75% de contactless atualmente”.
Portugal é visto como um mercado maduro para a Visa, mas o que mais surpreendeu Andrea em 2020 foi a facilidade com que “mesmo cidadãos mais velhos adotaram o pagamento contactless“. “A crise pandémica mostrou-nos que todos os cidadãos europeus são já potenciais clientes digitais – com ferramentas simples e eficazes e uma boa experiência de utilização, todos podem ser digitais e lidar dessa forma com o dinheiro”, diz o engenheiro de ciências computacionais.
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Os pagamentos pelos smartphones ganham grande importância nos tempos atuais em que segurança e conforto são fulcrais, daí que a Visa já tenha essa função em 15 mercados e continua a expandir. Esta semana vários bancos digitais apresentaram em Portugal o Google Pay, em parceria com Visa e Mastercard e o Apple Pay também já começou a chegar.
Em breve os wearables, como relógios ou pulseiras, “também terão importância nos pagamentos recorrentes” que devem incluir ações como “entrar nos transportes públicos”.
E-commerce contra hackers
A explosão do e-commerce mesmo para as PME em Portugal durante a pandemia trouxe novos desafios de segurança a consumidores, comerciantes e empresas de pagamentos, “com o aumento de hackers a tentar minar o aumento de transações”. Fiorentino admite que aí “faz a diferença a literacia digital dos cidadãos (com campanhas contra esquemas fraudulentos) mas também os mecanismos como autenticação multifator, onde em vez de passwords, os smartphones e os dados biométricos (da cara ou da impressão digital) são mais seguros do que as habituais SMS”.
Daí que expandir os pagamentos por aproximação do telemóvel (Tap to phone) “seja fulcral” e “quanto mais simples e inclusivo para todos melhor”.
Outra tecnologia que fará a diferença contra hackers e outros riscos de segurança além da tal Autenticação Forte de Clientes são os chamados tokens – uma tecnologia já usada nos transportes públicos em Cascais. “Permitem criar valor para um item que não pode ser usado fora daquele ambiente, portanto não está sujeito a fraude ou roubo”, explica o responsável da Visa.
O futuro dos pagamentos passa também pela Internet das Coisas, “onde os humanos vão poder delegar no assistente digital em casa, que está ligado a vários aparelhos, a compra de bens”.
Já a inteligência artificial é “fundamental, por exemplo, para trazer segurança aos pagamentos típicos já existentes em tempo real”. Daí nasceu o recurso Visa Smarter Stand-in Processing, que permite “quando há uma quebra do sistema ou interrupção no serviço, que a Visa continue a gerir autorizações de transações e permita aos consumidores fazer o pagamento, isto mesmo com o sistema online”.
A tecnologia de blockchain ainda não é uma prioridade, embora a Visa já tenha um produto com base na tecnologia, mas que funciona de forma “fechada” dentro da própria empresa.
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